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São Gonçalo e seus ícones: George Savalla Gomes, o Palhaço Carequinha

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GEORGE SAVALLA GOMES


O PALHAÇO CAREQUINHA


Por Erick Bernardes

George Savalla Gomes, mais conhecido como Palhaço Carequinha  (e que de careca ele não tinha nada)/Divulgação
George Savalla Gomes, mais conhecido como Palhaço Carequinha (e que de careca ele não tinha nada)/Divulgação

Morador do bairro Zé Garoto durante mais de meio século, o palhaço se tornara frequentador da praça onde hoje ostenta a sua imagem, no espaço reservado ao pequenino palco montado em sua homenagem. Existe placa da prefeitura em honra ao Carequinha! Pois é, oficialmente, a praça se chama Estephania de Carvalho, nome daquela que foi também um ícone municipal de respeito, mas (curiosamente) convive com a imagem do querido George Savalla. Recordo muito bem, sempre às sextas-feiras, e ia eu papear com o artista circense esguio e bem vestido na referida praça. Meu padrinho, Marcos Fahat, serviu durante muito tempo como seu eletricista automotivo de confiança — e nessa época aprendi a amar a cidade assim como o querido palhaço.


Sabe-se que o ator de picadeiro George viera de Rio Bonito, mas adquiriu excelentes conhecimentos sobre o nosso município, tão logo se instalou por aqui. Morando quase em frente à Câmara do Municipal, antigo Fórum, o talentoso senhor narrava a história do bairro onde ele próprio escolheu para viver. Sim, referia-se ao bairro Zé Garoto como quintal da sua residência.


Recordo de certa vez, lá mesmo, pertinho do antigo Colégio São Gonçalo, conversávamos sem controlar a hora. Impossível não reparar quão famoso em São Gonçalo e no Brasil inteiro o palhaço era. Mesmo sem a fantasia, toda hora chegava gente, apertavam-lhe as mãos e cantavam sorrindo a fanfarra “ai aiai, carrapato não tem pai”, quando não lançavam no ar os versos engraçados: “um bom menino não faz xixi na cama”. É viva ainda a cena do saudoso George a mencionar o fato e sem jamais hesitar em falar das coisas boas do nosso município nos programas de TV onde se apresentava: “Eu sou o único artista que defende SG”, comentava orgulhosamente. Saudades, senhor Savalla. Sinto falta!


Ademais, impossível esquecer que o Palhaço Carequinha rompeu com a traição da “palhaçaria abestalhada”, isso mesmo, no picadeiro o protagonista de modo algum servia passivamente às “trolagens” de representação. Pôs um ponto final no tempo em que os personagens só apanhavam ou se davam mal nos espetáculos de picadeiro. Exato, o mais nobre palhaço conhecido por aqui se mostrava arguto e ativo. O representante circense inteligente, lúcido, politizado, venturoso.


Enfim, um ícone, sem dúvida, pelo legado deixado no mundo e, sobretudo, por servir de inspiração a muitos escritores e profissionais da arte como um todo. Fiquemos por aqui!


Fonte:

Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.



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