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A Taverna me fez conhecer e acreditar em São Gonçalo

Por Helcio Albano

Rodrigo e Romulo/Reprodução Instagram
Rodrigo e Romulo/Reprodução Instagram

O ano era 2004. Reconstruía a minha vida. E escolhi começar de novo num curso de graduação na FFP-Uerj, de História. Criei lá dentro um projeto de extensão que precisava dialogar com a sociedade local que, embora tendo sempre morado em São Gonçalo, não conhecia. E o melhor que a cidade poderia oferecer estava no Sesc, todas as segundas sextas-feiras do mês.


E se chamava "Uma Noite na Taverna". Um evento pitoresco, criado no mesmo ano, que se apresentava como sarau de poesia, mas que tinha a pretensão de ser muito mais que isso. E foi. Ou melhor: continua sendo até hoje. É nada mais, nada menos, que o maior - e mais longevo - evento cultural e artístico da história da cidade do santo violeiro.


A Taverna fez ressuscitar mortos do cemitério, não como zumbis, mas como entidades, exus, que, com sua ancestralidade e gonçalidades, mostrou-nos janelas pra amar e sonhar de novo em São Gongon.



A Taverna ressignificou a terra seca, pronta a se assumir como deserto de uma cidade esvaziada; a adubou, e a semeou com o arado da diversidade com ousadia. E me fez acreditar que era possível criar uma editora para colher no mercado o que essa galera, com nome e sobrenome, havia plantado.


Os criadores do Uma Noite na Taverna, Rodrigo Santos e Romulo Narducci, foram agraciados nesta semana, em sessão solene na Câmara, com a maior honraria do município, a Medalha Joaquim Lavoura, oferecida pelo vereador Romario Regis, também "cria" do evento. Nada mais justo.


Não seria o que sou se não tivesse, à luz de velas, daquele vinho tinto provado. Evoé!


Plus

O Uma Noite na Taverna, inspirada no livro Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, transformou um sarau de poesia num Evento, que chegava a colocar quase 300 pessoas no Sesc pra ouvir e declamar poesia, entremeado com outras manifestações artísticas de música, cênicas ou de artes plásticas.


Você sabe o que é isso? Ter quase 300 pessoas num evento de poesia? Numa cidade periférica como São Gonçalo, mensalmente, durante 11 anos ininterruptos!? E totalmente independente sem ter 1 centavo do poder público?


Bônus

A média de público durante o tempo em que as velas do evento se mantinham acesas era de 120 pessoas, de acordo com Santos e Narducci, que convocavam público para o evento colando nos postes lambe-lambes ecológicos que, em si, já eram uma obra de arte na paisagem urbana degradada de São Gonçalo.


Isso quer dizer que, aplicando matemática simples de padaria, multiplicando 52 (semanas) por 120 (pessoas) durante 11 anos, tem-se como resultado 68,6 mil almas que passaram pelo Sesc (2004-2014), depois Clube Tamoio (2015), Mutuá (2016) e numa única edição especial em 2019, no Garage Park, na ocasião do lançamento do livro Macumba, de Rodrigo Santos.


Bicho...



Bônus-Track

Em 2013 estava decidido a retomar as atividades da editora. Mas precisava de um bom produto. E encontrei!


Com o dinheiro da indenização da rescisão de contrato com uma empresa de consultoria que prestava serviços para a Odebrecht no projeto do Rio Imboaçu, comprei impressora, papel, grampeador especial, grampo e imprimi o "número zero" da coleção Cadernos do Leste, o meu livro de contos e crônicas Meu Lugar, totalmente ambientado em São Gonçalo.


Mostrei o projeto ao Rodrigo Santos, que o abraçou de cara. Trabalhamos, então, na construção de uma nova publicação pela coleção, agora oficialmente como o primeiro Cadernos do Leste.


O título do livro?


Os tavernistas...


Bônus Track-Track

Sabe o que é privilégio? Poder ver, in loco, o Rheinaldo Baso interpretando Geni, do Chico, no plenário da Cãmara de Vereadores.


Rheinaldo em ação/Foto: Reprodução
Rheinaldo em ação/Foto: Reprodução

Sim, meus amigos.


Eu estava lá.


Obrigado, Romario, pela Moção de Aplausos.


Obrigado por tudo, Taverna!


Baixe de grátis o livro Os tevernistas:

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Que beleza!/Foto: reprodução Instagram
Que beleza!/Foto: reprodução Instagram

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