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Rodrigo Santos põe fogo na Literatura- por Mário Lima Jr.


Rodrigo Santos/Foto: Divulgação
Rodrigo Santos/Foto: Divulgação

Se chama “Fogo nas Encruzilhadas” o romance mais recente do escritor gonçalense Rodrigo Santos. No livro, um detetive evangélico corre contra o tempo para descobrir a identidade de um serial killer que ateia fogo em pessoas em situação de rua em São Gonçalo. Cada vez mais cruéis, os assassinatos chocam autoridades estaduais e a opinião pública. Já a chama que Rodrigo usa pra escrever não faz mal. Ela entrega a leitores do Brasil inteiro, e até de fora do país, o prazer da boa Literatura que forma seres humanos além de entreter.


A obra de grandes artistas geralmente se diversifica em ações de impacto social. Rodrigo escreve de tudo – conto, crônica, poesia, romance, crítica, hino de clube de futebol e por aí vai – e é responsável pela formação de um evento cultural gratuito chamado Uma Noite na Taverna. Criada em 2004, por quase 13 anos a Taverna apresentou mensalmente música, dança, pintura, fotografia e outras manifestações artísticas, junto com literatura e poesia. Público consumidor de arte, poetas, escritores e blogueiros nasceram por causa da Taverna, eu inclusive.



Ter frequentado a Taverna com meu pai, amigos e com minha namorada, e ser grato por isso, não muda o fato do romance “Fogo nas Encruzilhadas” ser a continuação de uma aula de religião, cultura popular e pertencimento. O início do aprendizado do leitor acontece no romance “Macumba”, onde o detetive Ramiro começa seu trabalho arriscado de impedir a vitória do mal.


Hoje é Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e elementos das religiões afro-brasileiras estão bastante presentes nesses dois romances. Religiões que sofrem ataques, depredações de espaços de culto e assassinatos frequentes de seus praticantes, como o do jovem Vinícius Gonçalves, em Belém (Amazônia Real). Com informações sobre a origem e a prática religiosa, além do perfil psicológico do assassino, os romances nos lembram que o desvio que leva à maldade não tem relação com a Umbanda nem com o Candomblé. O pecado, sabem os cristãos, é herança humana.




Quando descreve Ramiro, o protagonista evangélico da história, fica claro que o trabalho de pesquisa de Rodrigo é amplo porque ele cita com intimidade qualquer religião ou assunto, desde que a citação dê amparo ao enredo. Nada, desde o título “Macumba” do primeiro romance, deixa de instruir, surpreender e “provocar”, como afirmou o sociólogo Jailson de Souza e Silva sobre o livro. É fogo literário que separa impurezas revelando que São Gonçalo pode ser palco da melhor ficção possível, desde que escrita por Rodrigo Santos.


Este artigo apareceu primeiro em mariolimajr.com.

 

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Mário Lima Jr. é escritor.


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