Freixo e Neves disputam atenção de Lula em evento do PCdoB em Niterói
Os pré-candidatos ao governo do estado do Rio participaram das comemorações dos 100 anos do "partidão" de olho nas bênçãos do ex-presidente nas eleições
Por Rodrigo Melo
Qual pretendente ao governo do estado terá a permissão do "pai Lula" para casar com a "noiva PT" nas eleições deste ano?
O ex-presidente, que já botou - nos limites da legislação - o bloco eleitoral na rua, esteve em Niterói neste sábado (26), no Festival Vermelho, evento político e multicutural de comemoração dos 100 anos do PCdoB realizado no Caminho Niemeyer, Centro da cidade, com apoio da Prefeitura.
No alto do palco montado na Praça do Povo, Lula e a companheira janja dividiram os assentos da primeira fila com altos dirigentes comunistas e petistas, além de expoentes nacionais do PSB, como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o pré-candidato a sucedê-lo no Palácio Campos das Princesas, Danilo Cabral.
Lula chegou à “Cidade Sorriso” em meio a incertezas e especulações no meio político sobre qual nitero-gonçalense o líder petista irá ungir na disputa ao Palácio Guanabara, se o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ou o ex-prefeito de Niiterói Rodrigo Neves (PDT), embora tenha dito reiteradamente que apoiará o ex-psolista.
O deputado estadual e presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), até poucos dias atrás postulante ao cargo, confirmou candidatura ao Senado ao Daki na ocasião em que esteve em São Gonçalo para receber o título de Cidadão Gonçalense na Câmara de Vereadores em 21/3.
Ocorre uma guerra surda, às vezes aberta, entre os pré-candidatos e dentro do PT para ver quem garante o apoio explícito do ex-presidente na corrida eleitoral deste ano ou pelo menos sua presença em dois palanques no primeiro turno, o que beneficiaria diretamente Neves, vinculado à estagnada candidatura Ciro Gomes ao Palácio do Planalto.
O cearense “empacou” nos 6% das intenções de voto, segundo pesquisas divulgadas nas últimas semanas.
Freixo, que durante o evento estava acompanhado do pré-candidato gonçalense a deputado federal Dimas Gadelha PT), foi o anfitrião dos colegas pernambucanos Câmara e Cabral em Niterói.
O pessebista, presente a um dos assentos na primeira fileira de convidados do palco, fez sua saudação à militância de diversas partes do país e ao final estendeu o braço ao ex-presidente para um terno abraço, registrado pelas mais de 5 mil pessoas presentes ao ato e pelo Stukinha (Ricardo Stuckert), fotógrafo oficial de Lula.
“Lula, a gente tá junto. Com PCdoB, PSB. Nós vamos ganhar esse país e derrotar Bolsonaro”, disse Freixo com as mãos dadas a Lula sob aplausos da multidão.
Visivelmente tenso, Rodrigo Neves, que representou o prefeito de Niterói Axel Grael (PDT), falou logo em seguida. Estrapolando os protocolos de tempo de fala, fez uma longa exposição de sua trajetória politica e de sua gestão como prefeito, como se quisesse mostrar suas credenciais de “bom partido” ao "pai da moça" cortejada, o PT, que polariza as intenções de voto em todo o Brasil com o PL de Bolsonaro. Sinal de que haverá pouco ou nenhum espaço para uma terceira via nos estados, segundo os últimos levantamentos eleitorais dos institutos de pesquisa.
“O que ocorre no plano nacional, muito provavelmente vai ocorrer no Rio de Janeiro. Quem Lula colocar a mão na cabeça vai ao segundo turno disputar com o bolsonarista da vez. Embora tenha muita gente ouriçada no PT apoiando o Rodrigo (Neves), não acredito que o partido vá embarcar nessa tese de dois palanques no Rio pro Lula. Seria canibalismo puro num momento de união que daria de bandeja a vitória ao Cláudio Castro. O Rodrigo pode ter todas as qualidades do mundo, mas tem hoje um defeito incontornável: ele está no PDT”, observa o jornalista Helcio Albano, editor-chefe do Jornal Daki que acompanha os movimentos pré-eleitorais no estado.
A última pesquisa Genial/Quaest sobre as intenções de voto no Rio de Janeiro divulgada em 21/3 traz Cláudio Castro (PL) com 22%, Freixo 18% e Rodrigo Neves com 10%.
De acordo com a sondagem, Freixo sem o apoio de Lula no 2º turno seria batido por Castro por 34 a 30. Com o apoio, a coisa muda de figura. Freixo bateria Castro por 41 a 36.
33% dos eleitores preferem que vença um governador mais ligado à Lula. Enquanto 29% preferem que vença um governador mais ligado a Bolsonaro. 32% nem um, nem outro.
O Partido dos Trabalhadores deve confirmar a federação com PCdoB e PV até o final de abril. Assim como a coligação com o PSB, tendo Geraldo Alckmin como vice de Lula, até o início de maio.
O PT também está perto de fechar coligação com a federação que envolve Psol e Rede que pode ser anunciado nos próximos dias.
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