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Olhe pelo vidro

Por Graciane Volotão


Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Li o livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro” de Edgar Morin para uma disciplina que faço na UFF com reflexões sobre a escola e como fazemos educação. O autor convoca a pensar criticamente sobre o ensino, trazendo propostas importantes para a educação.


Frente ao desafio de apresentação do livro na disciplina, escolhi uma imagem da cidade de São Gonçalo/RJ que julguei representar três dos sete saberes, ensinar: a identidade terrena, a condição humana e a compreensão.


Escolhi uma foto da “Casa das artes” de São Gonçalo/RJ com pessoas em situação de rua. Entendo que a humanidade partilha de um destino comum, onde cada indivíduo é convocado a ter consciência planetária e de classe, em uma sociedade capitalista como a nossa.


Somos integralmente humanos e fazemos parte de uma identidade terrena (ensino/culturas/tradições), de uma condição humana (saúde/fome/prevenção/vírus) que nos invoca a compreensão (solidariedade/fé/emoção/diversidade/justiça social).



Permanecendo reflexiva, participei de uma reunião do Fórum de Desenvolvimento Sustentável e Resistência Democrática (FDSRD), pelo Coletivo ELA, com análise da conjuntura política. Ao final da reunião fui questionada por um membro sobre o papel da escola. A defesa dele era que a escola deveria apenas ensinar conteúdos, cabendo aos pais educar. Não foi possível acatar a afirmação sem uma reflexão dialógica. No debate extremamente saudável citando um provérbio Africano “é necessário uma aldeia para educar uma criança”, defendi que era também papel da escola educar. Destacando que não apenas a escola. Terminamos agradecendo o aprendizado mútuo.


No mesmo dia recebi com alegria o tema da redação do Enem sobre os “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. É tudo tão conectado que não vai ser possível explicar nesta coluna. No entanto, não posso fechar sem citar a entrevista da Janja, a próxima primeira dama que inicia chamando a população para reacender a solidariedade e o amor, alertando: “Olhe pelo vidro”. Assim, convida a ver com amor aquele que é diferente, mas com iguais necessidades.


A entrevista com a Rosângela, uma Mulher, feminista e socióloga, traz reflexões que agregam ao debate sobre educação e aos saberes defendidos por Morin. Há uma urgente necessidade de olharmos para as nossas raízes, de onde viemos como seres humanos, valorizando as pessoas, as comunidades e os povos tradicionais com a mesma sensibilidade que olhamos para uma exposição na “casa das artes''.


Para educar as pessoas de todas as idades e em todos os lugares é preciso aprender a sentir com o outro. Educação é um ato político (Freire).

 

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Graciane Volotão é Pedagoga, professora supervisora educacional, servidora pública e doutoranda em educação na UFF e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna “Daki da Educação”, publicada às sextas.





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