Para acabar é só começar

SÃO GONÇALO DE AFETOS  

Por Paulinho Freitas

Reprodução

Danielle Minguá é minha conhecida desde a adolescência. Estudava com minha irmã. Linda e apaixonante pessoas. Não tinha um garoto de  todas as turmas que não era apaixonado por ela. Os cabelos encaracolados iam até a cintura, uma pele cravejada de milimétricas sardas, olhos, ora faziam inveja ao céu, ora fazia inveja ao mar. Uma leve dentuça e um sorriso que fazia qualquer um perder o chão. Realmente uma figura que nos enfeitiçava. 

Danielle queria ser dentista e estudava muito. A família tinha uma boa condição financeira e não seria difícil custear o curso.  

Fomos crescendo e nos afastando. A vida faz isso com a gente. Cada um segue um rumo e vamos perdendo aqueles laços e nos esquecendo daquela pureza, nosso coração, parece que vai endurecendo com as dificuldades, nos tornando presas fáceis para a arrogância, orgulho, egoísmo, etc. 

Logo no primeiro ano de faculdade, numa sexta feira, Danielle foi a um barzinho com as amigas. Naquele tempo, voz e violão era a maior onda. No palco, o artista dava seu recado com uma voz rouca e envolvente. S olhos de Danielle brilharam e daí para frente, nada mais viu ou ouviu a não ser a voz dele, do corpo dele, do sexo dele. 

Como tudo o que é bom sempre tem um efeito colateral, o rapaz adorava “maisena” e vivia com as narinas escorrendo. Gostava também de cigarros com aroma de ervas, não vendidos em tabacarias. Gostava das balas que alucinam e era chegado a aplicações na veia para que os duendes lhe trouxessem  inspiração. Danielle caiu de cabeça e dali para frente tudo só correu para trás.

Largou a faculdade, trocou o tênis e o jeans por qualquer coisa que pudesse lhe cobrir o corpo e chinelos. Apesar de todos os esforços da família, Danielle preferiu chafurdar na lama do que dormir na cama. Adeus faculdade, adeus sonhos, adeus família, adeus amigos. Adeus Danielle Minguá,  

A droga é uma droga. 

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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor