Prefeitura de São Gonçalo compra móveis com sobrepreço de R$ 2,7 mi, revela jornal
O deputado federal eleito, Dimas Gadelha (PT), afirmou ter um "arsenal de denúncias de corrupção" contra a Prefeitura e que vai atuar nas investigações
Cláudio Figueiras
Matéria exibida nesta quinta (26) no RJ2 da TV Globo revelou que a Prefeitura de São Gonçalo, através da Secretaria de Saúde (Semsa) comprou R$ 6 milhões em mobiliário de escritório com preços acima do mercado.
A compra foi realizada com recursos de R$ 1 bilhão vindos do leilão da Cedae.
O mobiliário com sobrepreço e sem licitação inclui mesas, cadeiras e armários para várias unidades de saúde. O método de aquisição foi uma mera consulta de preços que já deu problema com órgãos de controle e com custos até 4 vezes dos praticados no mercado.
A compra de móveis e itens de infraestrutura pra área da saúde foi feita entre abril e junho do ano passado. Foram mais de 4 mil produtos comprados ao preço total de R$ 6 milhões.
Um consórcio chamado Edutec, formado por três empresas, a ATC, de Minas Gerais; Polibox, de Santa Catarina, e Hawai 2010, de São Gonçalo, foi o responsável pela venda.
O preço de alguns itens, como uma cadeira giratória de diretoria que custou mais de R$ 3 mil. A prefeitura comprou 18 delas.
A compra que mais chama atenção é de 509 cadeiras giratórias com apoio de braço e encosto tamanho PP por R$1.414 cada uma. Na cotação feita com empresas especializadas nesse tipo de móvel o mesmo item pode ser adquirido por R$370,13.
O valor do sobrepreço só pra esse item foi de R$ 531 mil. E, no total, a prefeitura de São Gonçalo pode ter pago R$ 2,7 milhões a mais pelos mesmos produtos.
No Twitter, o deputado federal eleito, Dimas Gadelha (PT), adversário do atual prefeito capitão Nelson Ruas nas eleições de 2020, revelou ter chegado em suas mãos "um arsenal de denúncias de corrupção e mau uso de recursos em São Gonçalo". Gadelha, que assume em fevereiro, promete "partir para dentro destes investigações" assim que tomar posse do mandato.
Cadê o bilhão, capitão?
Em abril de 2020 a Cedae foi arrematada em leilão por R$ 22 bilhões e parte desse montante foi distribuído entre os municípios a título de outorga dos novos serviços agora sob responsabilidade da concessionária Águas do Rio. município de São Gonçalo recebeu R$ 1,02 bilhão.
Em maio de 2022, São Gonçalo sofreu com fortes chuvas que lembraram a população de um problema crônico de alagamentos que afeta a cidade.
E logo surgiu uma indagação da sociedade ao prefeito nas redes sociais em relação ao dinheiro da concessão da Cedae enviado ao município:
"Cadê o bilhão, capitão?"
A Prefeitura de São Gonçalo, segundo nota fornecida ao RJ2, diz que respeitou os trâmites legais na adesão à ata e que uma equipe da secretaria de saúde fez a cotação de preço, até porque não poderia aderir à ata se os valores estivessem acima dos de mercado.
A nota diz ainda que o processo original foi homologado, que os móveis já foram entregues, atendendo às especificações do contrato, e serão utilizados quando as unidades de saúde em reforma ficarem prontas.
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