Traquinagens e travessuras de um duende Tupiniquim
- Jornal Daki

- 4 de ago. de 2023
- 2 min de leitura
Por Hélida Gmeiner

Agosto chegou com uma super lua cheia. Um mês repleto de lendas próprias, longo demais e que em 2023 terá, veja só, duas luas cheias.
Entre lendas urbanas e percepções reais de que é um tempo que não passa, só um detalhe me faz gostar muito de agosto. É o mês do folclore. No próximo dia 22 mais um dia do folclore será comemorado. E refletir profundamente sobre o papel do folclore e da cultura popular na educação é uma urgência pouco percebida.
O que é folclore? É mesmo tão-somente cultura estigmatizada? Há um tempo ideal para considerar um elemento cultural como folclore? Folclore é cultura? É cultura equivalente à erudição? Essas e outras questões não fazem parte, mas deveriam, das discussões de duas correntes que pensam o currículo escolar.
A mais tradicional delas incorpora o tema folclore no currículo, assim como faz com outros temas da efeméride. Uma data a comemorar sem reflexão, sem motivação cultural clara, muitas vezes com recorte racista. Nessa perspectiva, o Saci personagem oculto desse artigo e maior símbolo do nosso folclore, vira um desenho a ser pintado, um personagem que só cabe em e a quem só cabem, meninos negros. Estigma e reforço do que de pior há no campo dos estudos do folclore.
Por outro lado, a corrente que busca superar essas práticas ultrapassadas e equivocadas, faz uma opção arriscada e descarta a efeméride como referência no currículo sob a alegação de que se pode e deve incluir o tema no currículo independente de uma data. Acho coerente. Mas uma pergunta, internamente respondida, me salta: Está incluído de fato? Em qual currículo há espaço para perceber o folclore como identitário?
Onde, como, quando e porquê se recorre ao saci, por exemplo, para pensar o Brasil e seu povo? Assim, penso que a óbvia razão de estar atento às efemérides, é que elas podem significar concretude curricular de aspectos relevantes, facilmente "esquecidas" nos cotidianos.
Sinalizo que é preciso conhecer mais e melhor a grandeza desse elemental que incorpora a trajetória enigmática de um povo complexo como o brasileiro, resistindo e provocando, assim como é preciso enxergar como curricular tudo o que representa nossa cultura, seja para entender, afirmar ou superar.
Convido também a mergulhar nos cantinhos onde ele se esconde, através do episódio Folclore Moderno, no podcast Rádio Novelo Apresenta e quem sabe assim, repensar temas como folclore, efeméride, currículo, e o próprio Brasil.
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Hélida Gmeiner Matta é professora da Educação Básica da rede pública. Pedagoga, Especialista em alfabetização dos alunos das classes populares, Mestre em Educação em Processos Formativos e Desigualdades Sociais e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender.















































































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