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Chronos e a ilha Kairós

Por Cristiana Souza

Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Chronos se programou durante 12 meses para fazer uma viagem quando estivesse de férias, pois ansiava por dias de tranquilidade, sossego, longe do barulho caótico da cidade grande e das horas fracionadas no trânsito, trabalho, estudo, afazeres domésticos e redes sociais.


Pesquisou em vários sites de viagem, mas nada agradou a Chronos. Porém, quando já estava desistindo de encontrar o lugar perfeito que tanto desejava, recebeu um email com a proposta de conhecer uma ilha chamada Kairós. As fotos do lugar empolgaram Chronos que rapidamente respondeu a mensagem do correio eletrônico pedindo  informações sobre o valor da viagem e quantas pessoas estariam a bordo da embarcação rumo ao paraíso.


A mensagem recebida dizia assim: "Olá viajante, informamos que você faz parte das 9 pessoas escolhidas no mês de dezembro de cada ano para conhecer a ilha Kairós."


“Nossa, que sorte a minha!" Exclamou Chronos. A viagem foi marcada para o último dia do ano de 2019, zarpando às 7h da manhã no atracadouro Tétis.


Cada pessoa do seleto grupo, antes do embarque, foi questionada sobre a sua vida privada, sexualidade e religião, causando no primeiro momento estranheza àquelas pessoas, mas movidas pelo entusiasmo da viagem, responderam sem mais delongas.


Ficou proibido o uso de celulares, relógios, tablets e qualquer outro item tecnológico após o embarque. Um dos funcionários da companhia lançou mão de um detector de metais para garantir o cumprimento da exigência.


A viagem foi de quase 6 horas e os mais sensíveis sentiram náuseas, sendo preciso tomar um antiácido para amenizar o balanço das ondas. Fora isso, a viagem seguiu sem maiores intercorrências.


Chegando próximo ao destino, o mais entusiasmado do grupo, gritou ao avistar a ilha: “Estamos a duas braçadas do paraíso!"


No desembarque, foram avisados que a estada em Kairós seria até à meia-noite daquele último dia do ano. Chronos respirou profundamente a pureza do ar, contemplando a magnitude da ilha e o som suave dos pássaros e das ondas do mar. O dia estava ensolarado e o mar com incríveis tons de azul.


Em seguida, avistou barracas que tinham os nomes dos escolhidos e, curioso, adentrou logo na sua, onde encontrou uma variedade de frutas, bebidas e um bilhete que enunciou: "Faça bom proveito dessas horas, que serão as melhores de toda a sua existência."


E realmente, as horas que seguiram foram de plenitude e paz. A sensação foi de que o tempo havia parado, pois estavam sem as amarras dos aparatos tecnológicos.


E assim tudo que foi vivido, sentido e experienciado, não teve registro em  fotos, selfies, stories e publicações nas redes sociais. As memórias desse dia magnífico estarão gravadas no HD do cérebro.


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Cristiana Souza é Jornalista, Apresentadora no Programa Daki, Assistente Social e graduanda em História pela FFP-UERJ.


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