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Com os jacarés, mosquitos, sanguessugas, ratos... As lutas das mulheres gonçalenses

Por Graciane Volotão


Foto: Reprodução internet
Foto: Reprodução internet

O Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender realizou no dia 04/03/2023 uma visita a Associação de Moradores do Jardim Catarina (AMJC) pelo Fórum de Desenvolvimento Sustentável e Resistência Democrática (FDSRD) com a proposta de ouvir os moradores e lideranças sobre a real situação após as chuvas de fevereiro de 2023 que provocaram enchentes, deslizamentos e mortes. Vimos famílias vivendo em situação precária diante de uma catástrofe municipal e que não receberam apoio do poder público.


A nossa primeira missão foi saber como estavam vivendo as pessoas após as chuvas e ficamos perplexas ao ver que as águas ainda estavam dentro das casas das pessoas. Moradores vivendo de favores nas casas de outros que também tiveram suas casas invadidas pela águas, mas que com sorte não estavam mais com água por dentro dos cômodos.


Encontramos relatos de mulheres em condições desumanas, sem lençóis, toalhas para forrar os colchões ou secar suas filhas e filhos após os banhos em águas que provavelmente estão contaminadas, diante do alto número de pessoas sofrendo com diarréias. Sem falar nas histórias assustadoras das crianças chegando a casa com a perna cheia de sanguessugas agarradas. E as que os Jacarés estão em seus portões.



Famílias inteiras com diagnóstico de dengue e casos de leptospirose que chegou a levar a morte de um adolescente de 15 anos[1]. Não bastasse todo este cenário de horror, as moradoras, maioria mulheres que sustentam seus filhos e filhas sozinhas, vivem escolhendo entre a vida delas e a dos idosos e crianças que cuidam, optando por oferecer as poucas águas mineral que recebem de doação para os seus e convivendo com dores de barriga constante.


Ao perguntarmos sobre o aluguel social que a prefeitura anunciou, descobrimos que elas não podem requisitar por não terem seus imóveis regularizados, visto serem comprados com o suor dos seus corpos de terceiros que adquiriram por meio de posse. Lutam também para que a Águas do Rio faça a manutenção da bomba retro que amenizaria as enchentes no local.


Não é nenhum pouco confortável ver essa situação enfrentada por essas mulheres em tempo algum, mas não poderíamos perder a oportunidade de lembrar que no dia 08/03, relembramos as lutas das mulheres, que nos antecederam e que vivem entre nós, por direitos.


Com os Jacarés, Mosquitos, Sanguessugas, barricadas, violência doméstica, enchentes, casos de estupros de adolescentes e convivendo com o medo diariamente, estas mulheres levantam todos os dias de seus colchões ou chão para dar o que comer para gonçalenses que vivem sob seus cuidados. Mulheres que lutam pelo pão de cada dia e gritam, sem serem ouvidas pelo poder público, lutando contra Ratos que ignoram suas dores. Nossas mulheres gonçalenses choram em mais uma semana por não terem como dar as suas filhas e filhos uma vida digna.


Caso você tenha como ajudar essa rede de solidariedade, estamos arrecadando: água para beber; alimentos; material de limpeza, roupa de cama e banho no endereço Rua Frei Orlando 189, Mutondo, São Gonçalo, falar com Pedro Rocha.

[1] https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-rio/2023/03/sao-goncalo-tem-3-casos-confirmados-e-8-suspeitos-de-leptospirose


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Graciane Volotão é Pedagoga, professora supervisora educacional, servidora pública e doutoranda em educação na UFF e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna “Daki da Educação”, publicada às sextas.



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