De Itaoca para o Brasil: 'Amanhecer por João Pedro' lembra 1 ano do assassinato do jovem em SG

Evento ocorre em São Gonçalo e em mais de 60 pontos espalhados pelo país, incluindo as capitais Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Natal, Sergipe e Belém

Por Cláudio Figueiras

João Pedro/Arte: Jornal Daki

Nesta terça, 18 de maio, completa-se um ano do assassinato do menino João Pedro, de apenas 14 anos. O adolescente foi alvejado dentro de casa durante uma operação da Polícia Civil em Itaoca, bairro que integra o Complexo do Salgueiro, no município de São Gonçalo.

Para marcar a data, diversos movimentos estão organizando atividades pelo fim do genocídio da juventude negra através de atos simbólicos durante a manhã clamando por Justiça, os "amanheceres por João Pedro".

Os amanheceres são uma construção coletiva do Mandato do vereador gonçalense Prof. Josemar (PSOL) junto aos familiares do adolescente e de movimentos da sociedade civil organizada de todo o país.

O parlamentar, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, propôs em âmbito municipal uma lei que faz do 18 de maio o Dia de Luta Contra o Genocídio da Juventude Negra. A proposta já está sendo replicada em diversas outras cidades e estados brasileiros, que também organizaram atividades locais do Amanhecer.

“É importante sempre relembrar o caso, e trazer visibilidade, para não cair no esquecimento. Lutamos e cobramos justiça. O racismo no Brasil e a violência que as comunidades sofrem constantemente precisa acabar", disse Josemar.

O caso teve repercussão nacional e internacional, tendo acontecido diversas manifestações antirracistas, coincidindo com ações do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) nos EUA por ocasião do assassinato por asfixia de George Floyd uma semana depois da morte do adolescente, em 25 de maio, na cidade de Minneapolis.

A Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a fazer contato com os familiares de João Pedro, que até hoje esperam a elucidação do caso e punição dos culpados.

Amanheceres por João Pedro

Na cidade de São Gonçalo, estão sendo organizados amanheceres, sempre a partir das 7 horas, em três locais: na Praça Luiz Plamier (Marisa), no Centro de Itaúna e na Praça dos Ex-Combatentes, onde também ocorrerá um ato cultural às 10 horas.

Estão confirmadas atividades em mais de 60 pontos espalhados pelo Brasil, incluindo as capitais Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Natal, Sergipe e Belém.

Relembre o caso

No dia 18 de maio, a polícia invadiu a casa da família atirando, acertando com um tiro de fuzil o João Pedro, de apenas 14 anos, que fazia seu isolamento social em casa. Foram encontradas diversas marcas de tiro na casa, e o corpo do adolescente foi encontrado apenas 17 horas depois, em um IML, após grande repercussão do caso.

O triste fato ganhou repercussão internacional, mas até hoje não foi elucidado.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, influenciado pela desastrosa operação que resultou na morte de João Pedro, acatou em junho de 2020 Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, determinando a suspensão de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia do novo coronavírus.