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SÃO GONÇALO DE AFETOS


Por Paulinho Freitas

Foto: Divulgação/PF
Foto: Divulgação/PF

Desde os primórdios, o homem é movido pela competição. O homem desafiou o impossível ao tentar tocar o céu, desafiou o fogo, desafiou as águas, os ventos, até a Deus. Em todos os desafios, de uma forma ou de outra, perdeu. Mas continua insistindo. 


Num jogo de pôquer, numa última cartada, onde estava sobre a mesa seu último bem, as chaves de seu apartamento, aquele homem viu o semblante de seu adversário mudar de alegria, para espanto e frustração em fração de segundos ao ver que ele tinha um jogo maior e recuperara tudo o que havia perdido durante toda a noite de jogo. Embora saibamos, que numa próxima noite, o destino não lhe sorrirá da mesma forma, assim funciona a lei do jogo. Um dia você pensa que ganha e no outro você conhece a derrota. 


Depois de anos jogando o mesmo número, meu vizinho acertou uma pequena fortuna no jogo do bicho. Pegou uma parte do dinheiro e comprou um carro. Da outra parte além de proporcionar uma grande comemoração em família, gastou tudo em apostas nas loterias legalizadas. O resultado foi que não ganhou nada e já vendeu o carro. O destino deste dinheiro, todos nós sabemos, que é, de novo, as mesas de apostas. 



No bar, dois homens apostam por seus clubes de coração. Uma caixa de cerveja seria o prêmio do vencedor. No final a caixa de cerveja foi consumida e o único vencedor foi o dono do bar. O perdedor deixou lá, parte de seu orçamento e ainda perdeu o feriado, pois de porre, só poderia dormir. O ganhador, também não teve destino diferente. No sofá de casa, dormindo feliz, não imagina o que o espera quando despertar, pois o semblante de sua mulher não é dos mais agradáveis. 


Nas máquinas de caça níqueis, um rodoviário soca as paredes ao ver o dinheiro de sua quinzena ser sugado, sem dó nem piedade e a musiquinha que da máquina sai, parece gargalhadas do inimigo diante de sua derrota. Em outra máquina, um homem embriagado que carregá-la para casa, está perdendo e o dono do comércio avisa que vai fechar o estabelecimento. Mesmo sob protestos, empurra daqui, puxa de lá, o homem sai cambaleando e chorando suas perdas, irreversíveis. 


O homem faz seu destino e mesmo sabendo que será derrotado, luta contra o que foi escrito, como se a vida fosse uma grande mesa de jogos. Disputa o poder, a posição social, o cargo, a aparência, a fé, o amor e todos os olhares, desde o nascimento até a hora de sua morte, disputa a atenção de todos os que o cercam.  


Perante Deus, somos todos iguais, mas teimamos em ser melhores uns que os outros e com isto vamos caminhando para trás. O ser humano acabou, perdeu-se, apostando na felicidade individual contra o coletivo sugerido pelo destino e continua ainda desafiando os quatro elementos e seu próprio criador, mesmo sabendo que no final sairá perdedor. 


Como já dizia meu amigo Edson Sapatinho: De antes mão e de coração... Boa sorteeeeeeeee!!!! 

 

Hoje eu tô azedo. 


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor 

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