Paulinho Freitas
- Jornal Daki
- 2 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de abr.
Por D.Freitas

Certa vez, em uma série que assisti por bastante tempo, ouvi uma frase que me marcou: "Qualquer homem que precise dizer 'Eu sou rei', não é um verdadeiro rei". Essa frase sempre faz sentido quando a coloco no cotidiano. Principalmente quando eu tento olhar para o meu pai.
Há muito tempo eu não andava com ele pela rua. Infelizmente, acometido por uma dor, ele não pode sair perambulando por aí a esmo. Contudo, algumas vezes ele escapa por aí e ignora a dor. Em uma dessas vezes o encontrei indo ao comércio. Conversamos pouco entre nós, mas muitas pessoas o paravam na rua. Comentavam sobre algo que ele escreveu...
Falavam sobre um samba que ele ganhou na escola do coração... Outros perguntavam sobre os filhos e ele me apresentava. Sem graça as pessoas me cumprimentavam, mas logo a vergonha passava, pois meu pai trazia à tona outro assunto. Andamos poucos metros em quase meia hora com tantas pessoas para saudar, histórias pra contar e elogios a ouvir. Às vezes até algumas reclamações vinham até ele como se ele fosse uma espécie de líder político.
Os que não falavam, ou não o conheciam, o olhavam enquanto passávamos, porque ele exerce algum tipo de magnetismo. Alguns se aproximam e outros, por não entenderem o que significa essa energia, se repelem.
Certa vez ele me contou como se sentiu ao ver Paulinho da Viola, músico que tanto admira, e comicamente a forma com que ele viu o Paulinho da Viola é a forma que eu o vejo. Talvez ele não soubesse até agora. Nunca achei que eu precisasse realmente dizer. As ruas falam e o elegem.
Ele não precisa saber, assim como não precisa dizer quem é.
Só ser
Que seja sempre belo, o seu caminho, meu velho.
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Davi Freitas (D.Freitas) nasceu em São Gonçalo, cria da cultura gonçalense, desde sempre conviveu com músicos, poetas e escritores. autodidata, aprendeu violão e bateria sozinho e junto com o irmão Lucas Freitas fez algumas apresentações até ter, por motivos profissionais, que mudar de estado. Como escritor, participou, pela Editora Apologia Brasil da Antologia em Tempos Pandêmicos e inicia agora sua trajetória no mundo das crônicas e contos.
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