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O Bairro Rosane e as Rosas influenciadoras, por Erick Bernardes


Bairro Rosane, ano de 1999/Foto de Vanessa Ribeiro
Bairro Rosane, ano de 1999/Foto de Vanessa Ribeiro

Minha bisa se chamava Rosana, minha avó Rosângela. Minha mãe foi a Rosemari, conheciam-na como Rose da farmácia. Eu me chamo Rosa, mas acho que antes mesmo da mãe da minha avó trazer o radical da flor mais graciosa do mundo na certidão de nascimento, o clã das rosaceas (risos) se estabeleceu por aqui. Ao que parece, há pelo menos oito gerações as raízes das rosas foram fincadas em SG.


Obrigado, Rose, muitíssimo obrigado.


É curiosa a forma como se chega ao relato familiar de um bairro nascido por causa de pouco mais de cem casas simples, porém aconchegantes. Sim, juro, a história chegou por causa da provável descendência da homenageada no topônimo gonçalense, provavelmente uma das descendentes da primeira Rosa do lugar. Exato, falo do Bairro Rosana, posteriormente modificado para Rosane devido a questões de cartório.


Já ouvi que o espaço derivou da empresa de engenharia civil que nomeou o território. Pois é, boatos fazem menção a uma certa Construtora Rosana como a responsável pelo registro territorial e urbano se chamar assim. Não sei, sequer pus credibilidade no caso, a não ser quando ouvi a tal versão das Rosas pioneiras se SG.


A construtora teria recebido esse nome do referido proprietário outrora apaixonado pela minha bisavó. Namoravam debaixo de uma sacada. Eles desmancharam o namoro, porém aquele senhor jamais esqueceu tanta formosura. Dizem até que o coroa desmaiou de tanto sofrimento amoroso, adoeceu de paixão. Na época, a dona Rosana, matriarca da minha família, era moça faceira, olhos esverdeados, cabelos loiros — e decerto apresentava comportamento bastante ousado para o tempo. Uma lindeza de chamar a atenção dos grã-finos. Mas brigaram, discutiram e terminaram o romance, mesmo assim a paixão motivara o registro da tal empresa tornada condomínio depois. Daí a explicação: Construtora Rosane, 109 residências a preços acessíveis.


O nome certo ficou como Conjunto Residencial do Bairro Rosane. Isso se deu em 1970. O que antes constituía um horto com guardas florestais e tudo. Certo prefeito de nome Nicanô foi quem ordenou a construção do condomínio.


Dizem que uma concessionária rodoviária Rosana nasceu a partir dos serviços prestados aos moradores do entorno. O ônibus da viação Rosana ainda roda por SG, o bairro também existe e vai bem, guardadas as respectivas proporções, claro. Mas juro que não sei muito mais sobre isso, não posso afirmar detalhes arquitetônicos.


Que história linda, hein, Rosa, dá até pra brincar com a letra da cantiga "O Cravo brigou com a Rosa”, no caso Rosana, e então nasceu um bairro gonçalense.

Erick Bernardes é escritor, professor mestre em Estudos Literários.



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