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A quinta-fuderescência da vida - por Helcio Albano

Atualizado: 4 de dez. de 2021


O cartão/Foto: Reprodução Internet
O cartão/Foto: Reprodução Internet

Ter uma coluna de jornal onde se impõe escrever toda a semana não é mole, não, leitor. Morar no Brasil é garantia de se não morrer de tédio. A gente sabe. Mas ultimamente temos tido uma overdose de absurdos que, se não nos deprime, empapuça. E, paradoxalmente, nos deixa sem assunto.


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Às vezes me pego cá com meus botões a lhes perguntar se os absurdos escalonados no noticiário não seriam uma espécie de novo normal onde tudo é entretenimento a la Round 6, série sul coreana que, não à toa, é o maior sucesso da empresa de streaming estadunidense Netflix.



Todos ali no jogo - em sua maioria ultraendividados - se entregam à quinta-fuderescência da existência humana se agarrando ao último fio desesperado de esperança onde, no final, se tem o bilhão como prêmio ou um tiro na nuca que os purgue do inferno neoliberal onde foram metidos. E que nós, brasileiros, começamos a viver também com maior intensidade nos últimos anos.


Direitos previdenciários e trabalhistas foram dinamitados a partir de 2016. E isso não é coincidência. Empresas estatais fundamentais de natureza monopolista (Eletrobras, Correios e agora Petrobras) estão sendo entregues ao capital financeiro especulativo nacional e internacional e os brasileiros não têm a menor ideia do que isso significa.



Se tivessem, não assistiriam, impassíveis, a destruição de nossa base produtiva e energética que, no fim das contas, aniquilará a nossa já frágil soberania. Principalmente a de preços, coisa que já ocorre com a Petrobras mesmo antes de sua alienação e desnacionalização total em curso. Eis aqui elencado neste parágrafo o que verdadeiramente importa. Mas quem se importa?


É o calaceiro e pseudo libertário FODA-SE! O estado de espírito neoliberal, sua ideologia avassaladora, distópica e individualista, o avesso, pois, da quintessência de uma coisa. Que eu chamo, aqui, de quinta-fuderescência da vida.


Esse abismo que se agiganta. Onde vai ficando cada vez mais inevitável o nosso salto - e queda.



Plus

Olha como são as coisas. Assim que dei um ponto final na Coluninha, me deparei com essa matéria aqui do site brasiliense Metrópoles: “Brasileiros acham Round 6 parecida com a própria realidade, diz estudo”.


A matéria informa que “83% dos brasileiros identificaram similaridade com a realidade nacional. Entre os principais pontos estão: a avareza (46,2%); disputa de classes (46%); o mundo dos negócios (38,3%); rotina de trabalhar até a morte (37%); desemprego (24%) e a Câmara dos Deputados (17,9%).”



A pesquisa foi feita com mais de 1.000 brasileiros que viram a série. Destes, 14% tiveram algum tipo de pesadelo.


Pois é, o neoliberalismo é um pesadelo. E bem real.


Bônus

As professoras (sim, a profissão é majoritariamente feminina em São Gonçalo), SEPE e vereador Prof. Josemar (PSOL) à frente, aproveitaram o Dia do Servidor Público (28/10) para cobrar da Prefeitura um troço que ela, a Prefeitura, já deveria ter feito há muito tempo, que é cumprir com o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) celebrado com a Justiça em 2018 no sentido de regularizar o pagamento do piso nacional do magistério no município.


Josemar e as professoras/Foto: Reprodução Facebook
Josemar e as professoras/Foto: Reprodução Facebook

Desde então tem sido uma luta das/dos profissionais receber o que é seu direito já reconhecido por MP e Justiça, de um dinheiro que é federal, do Fundeb.


A Prefeitura, desde Nanci e agora com Nelson, só enrola, enrola. E dá uma raiva do cacete quando uma dessas trabalhadoras precisa se humilhar e pedir em cartazes, redes sociais ou no grito, “Cumpra o TAC, Prefeito!”, uma coisa que nem era pra ser discutida.


E aí Justiça, como é que fica?



Bônus-Track

A sociedade se mexeu e forçou a classe política se manifestar em ações concretas em favor do Clube Tamoio.


Primeiro foi o vereador Romario Regis (PCdoB) que na sexta (22) provocou o TJ com ação popular de reconhecimento do tombamento do alvinegro centenário, reconhecido pelo TRT através da 2ª Vara do Trabalho de São Gonçalo que deixou evidente a proibição da demolição do prédio, como tentado pelo novo proprietário.


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O MP também foi acessado e deve se manifestar nos próximos dias.


Já nesta terça (26), a deputada Zeidan (PT) protocolou na Alerj projeto de lei de tombamento do Tamoio, desta vez em nível estadual.


Consenso na cidade é o seguinte: a direção, assim como o modelo de gestão do Tamoio, devem ser repensados a partir de um controle público ou compartilhado do Clube.

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.


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