Os três condenados

SÃO GONÇALO DE AFETOS

Por Paulinho Freitas

Foto: reprodução

Numa sala de audiência, três homens estavam sendo julgados. O primeiro era líder de uma comunidade. Lutou para construção de escolas, postos de saúde, empregos e por uma convivência pacífica entre as outras comunidades, no que era respeitado e querido. Tentando igualar ou pelo menos dar os mesmos direitos a quem tinha menos daqueles   que tinham mais. Era adorado por grande parte da comunidade, mas rejeitado por muita gente.  

O segundo queria o poder a todo custo, mas sua capacidade era pífia, suas ideias medíocres, empatia era nenhuma, mas apesar de nada ter a acrescenta àquela comunidade quando a liderou, disseminando ódio, discriminação, responsável por diversos infortúnios ocorridos, aumentado a pobreza e enriquecido ele e sua família, tinha o respeito e o apreço de alguns, que como ele, queriam o respeito, mas não queriam respeitar. 

O terceiro sabia o ponto fraco dos outros dois. Era inteligente e até tinha algumas boas ideias, mas sua capacidade de convencer aquela comunidade de que era melhor que os outros dois era nenhuma. Não passava confiança e era uma via secundária que não dava em lugar algum. 

No dia do julgamento, o primeiro se disse inocente, disse ao juiz que os mesmos que agora o tentavam apedrejar, se tivessem sinais de que ele seria absolvido, fariam três vezes pior com o juiz. Disse que ficaria cem anos preso, mas não trocaria sua dignidade por sua liberdade. 

O segundo, antes do julgamento lançou injurias sobre o juiz, o chamou de canalha e jurou, caso chegasse a liderança da comunidade o faria se arrepender de ter nascido. Na hora do julgamento se acovardou, pediu clemência e pediu ao juiz que estivesse a seu lado caso chegasse lá. 

O terceiro permaneceu calado, no seu canto estava arrependido de seus atos e pedia apenas clemência. 

São três condenados, um será absolvido, você é o jurado. E aí? 

Já vi uma história parecida em algum lugar. 

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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor