Jostenes, o goeludo
- Jornal Daki
- há 2 minutos
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Por Helcio Albano
No meu bairro tinha um sujeito de nome Jostenes. Conhecido como o "goeludo". Ele era o melhor em tudo, segundo ele mesmo, claro. Por isso a alcunha: "goeludo."
Nas peladas de várzea aos domingos, esculhambava e tirava sarro de todo mundo: "Só tem perna de pau nisso daí!", repetia. Mesmo sem ninguém pedir sua opinião.
Numa dessas, um gaiato desafiou: "Entra lá e faz melhor..." Ao que o goeludo respondia: "Não posso, meu tendão tá estourado desde que o Odvan me arrebentou lá em Campos".
Um outro retrucou:
- Mas qual Odvan, o do Vasco?
- Ele mesmo! - confirmou o goeludo.
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E assim seguia Jostenes, apontado erro em tudo. E sempre nos outros. No vestir, nas amizades. E até nos amores alheios que, só via legítimos, se consagrados na igreja. Na sua igreja, onde era pastor, autodeclarado homem de bem, e exemplo a ser seguido dada sua exemplar retidão moral. Que ele mesmo, goeludo que era, gostava de lembrar, no templo, três vezes por semana. Ao lado da esposa e dos 4 filhos. Um deles adotado em Campos, numa história, aliás, que ninguém conta direito.
Em alguns momentos, não se sabia se estar ali era em louvor a Deus ou a Jostenes.
Tanta autoridade moral atraiu gente graúda da política pra ele. Entrou num partido, se candidatou, e logo descobriu que chamar os adversários de ladrão dava voto. Se elegeu e logo se destacou como liderança.
Uma investigação que começou em Campos chegou a Jostenes. A Polícia achou R$ 430 mil em espécie na sua casa em Brasília, onde já estava como deputado.
E logo se ouviu:
"Eis o destino de todo goeludo..."
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.
