Meu bem em sépia
top of page

Meu bem em sépia

Por D.Freitas


Foto: reprodução
Foto: reprodução

São nove e pouca, quase dez... E o sono ainda não deixou meu corpo. Há muito não dormia tão bem e há mais tempo ainda não acordava tão tarde. O sono foi tão pesado que não lembro nem com o que sonhei, mas vendo sua nuca nua iluminada pelo Sol das dez, em sépia, me lembro muito bem do tempo que passei acordado. Todos os detalhes estão escritos nas linhas do seu cabelo ainda coladas na sua nuca suada, nos rastros das suas unhas em mim e na cama bagunçada. As provas do que cometemos estão no meu excesso de sono, no vidro da janela ainda embaçado e no meu medo do que vai acontecer depois que você acordar. 


Será que vamos nos arrepender? Será que vamos aprender a conviver? Somos algo além do que apenas sexo? Mesmo que tudo o que aconteça nessas casualidades nunca possa ser chamado de "apenas". Talvez esse excesso de compatibilidade não nos permita ser algo a mais fora da cama. Falta espaço para conversa, confiança e companheirismo... Está tudo preenchido de ego, poder, tesão e tudo o que faz o sexo ser perfeito e ninguém assume.

Às vezes me pergunto: qual o problema em admitir que a relação é movida a isso? Por que tudo isso não é aceito pela sociedade? Será que seria aceito entre nós dois? Isso me bastaria. É o bastante ver você dormindo toda manhã nesta cena em tons pastéis e imaginar que sonho se passa nesse sono tão sereno.


Por aqui, sonho que a gente diminua o tempo de espera até podermos nos ver de novo. Talvez sonhe até que um dia você nunca se vá. 


Já passam das dez e pouca, assisti teu balé matinal e seus rituais em silêncio. Assisti seu vestir-se. Assisti ao seu partir. Nada pude dizer.


Com sua ida, o sono também se foi. Seu cheiro ainda não. 


Mora no meu corpo até que o banho matinal o leve e mora nos lençóis... Espero que por tempo o suficiente até sua volta.


Nos siga no BlueSky AQUI.

Entre no nosso grupo de WhatsApp AQUI.

Entre no nosso grupo do Telegram AQUI.

 

Ajude a fortalecer nosso jornalismo independente contribuindo com a campanha 'Sou Daki e Apoio' de financiamento coletivo do Jornal Daki. Clique AQUI e contribua.


ree

Davi Freitas (D.Freitas) nasceu em São Gonçalo, cria da cultura gonçalense, desde sempre conviveu com músicos, poetas e escritores. autodidata, aprendeu violão e bateria sozinho e junto com o irmão Lucas Freitas fez algumas apresentações até ter, por motivos profissionais, que mudar de estado. Como escritor, participou, pela Editora Apologia Brasil da Antologia em Tempos Pandêmicos e inicia agora sua trajetória no mundo das crônicas e contos. 


POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page