LGBTQIA+ e os brutamontes - por Helcio Albano
A Câmara de Vereadores viveu uma situação sui generis nesta segunda (27), ao receber dois eventos em si antagônicos e excludentes, que reproduziu o distopismo tupiniquim em São Gonçalo e deu uma bela demonstração do que pode ser o paradoxo da tolerância de Popper.
Durante à tarde, ativistas e militantes LGBTQIA+ celebraravam o direito de ser, amar e existir num plenário lotado colorido arco-íris, com direito até a performances drag a la RuPaul e Pablo Vittar pra animar a galera.
À noite, numa soturna assembleia de brutamontes, que deixaria assombrado o antropólogo e criminologista italiano Cesare Lombroso, fez-se um ato em desagravo a um notório fora-da-lei encrencado com o STF e com a História, que já o mira no lixo.
Além do palavrório contra os ministros do Supremo, um dos fachos altos do conciliábulo esvaziado em homenagem ao truculento bombadão foi o combate ao banheiro unissex e à "ideologia de gênero". E se se chamasse "bozozossuco" como em "Os fantasmas se divertem", o coisa ruim baixaria na mesma hora na bizarra sessão.
Mais cedo, no evento em alusão ao Mês do Orgulho LGBTQIA+, pode se ver e ouvir gente real, sobrevivente de uma luta brutal na cidade pelo direito à existência. Existência essa negada por grupamentos sociais que usam o preconceito e o ódio contra o diferente como arma política. Sabemos o nome que se dá a isso: é massacre. Outros chamam fascismo.
Um dos grupos de ontem não quer que o outro exista nem social e nem politicamente.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.