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O que Bruno e Dom tem a revelar sobre o Brasil? Por Oscar Bessa


Indígena faz ato em Brasília/Foto: Reprodução
Indígena faz ato em Brasília/Foto: Reprodução

Estivemos acompanhando o estarrecedor caso do assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari (AM) com muita tristeza.


Bruno Pereira, que era indigenista conceituado da FUNAI, foi exonerado pelo governo Bolsonaro por cumprir de forma exemplar suas funções públicas, as quais eram correspondentes a combater práticas predatórias na região da Amazônia.


Bruno tinha atuação destacada como indigenista e produziu inúmeras denúncias documentadas pela Univaja, a principal entidade indígena do Vale do Javari. Já Dom Phillips era jornalista, britânico, e vinha dando veiculação aos crimes ambientais cometidos na região, acompanhado de Bruno.


Todas as evidências nos levam a crer que o fato ocorrido caminha no sentido de que o crime foi político, onde se apresentam e demonstram ameaças e intimidações contra Bruno Pereira e outros insubordinados que insistem em “se meter" e atrapalhar a pratica irregular da pesca e da mineração. Mais uma vez ficam as perguntas: Quem mandou e porque mandou matar!?


Dada a questão jurídica, o ponto mais preocupante é a banalização da vida de militantes que vêm tentando veicular e lutar contra ações criminosas, em meio a um governo de interesses extremamente obscuros. O próprio caso da exoneração de Bruno Pereira mostra isso, onde o indigenista foi substituído por um líder religioso, um pastor! Essa característica nos remete ao modelo de colonização da nossa terra, exploração dos recursos naturais e catequização dos povos originários. Toda semelhança não é mera coincidência.



Esse caso reflete exatamente o que nosso país vem sofrendo, principalmente no ataque a classe dos militantes das causas sociais, tanto dos direitos humanos, quanto na causa do meio ambiente, e também aos jornalistas, que produzem um trabalho extremamente importante na veiculação de informações, principalmente em regiões mais remotas do país.


Esse episódio não é um caso isolado nessa região. É importante lembrarmos da irmã Dorothy Stang, que exercia um forte trabalho social, além do importantíssimo companheiro ambientalista Chico Mendes, que levou a realidade da Amazônia para o mundo. Ambos foram sumariamente assassinados, ambos foram mortos por lutarem por um bem comum: a manutenção da Amazônia e a defesa dos povos originários dessa região.


Esse tipo de acontecimento vem se tornando cada vez mais costumeiro na história recente de nosso país, não sendo uma particularidade da região amazônica, mas são fatos que ocorrem cotidianamente em todo território brasileiro.


O caso de Bruno e Dom mostra ao Brasil que as ameaças ao direito a terra, o uso indiscriminado das riquezas naturais e o cerceamento ao direito de imprensa nunca foram tão grandes na história do país. Também fica evidente que tais práticas recebem a conivência de um governo que tem todo seu corpo envolvido e sustentado por essas ações e por quem as reproduz.


O que o Brasil tem a dizer sobre Bruno e Dom é que não aceita mais o assassinato político de pessoas como Chico, Doraty, Bruno, Dom, Marielle e Tania. Para alcançarmos esse objetivo, é urgente tirar o país das mãos dos saqueadores que hoje estão no controle, e entrega-lo ao povo.


Exigimos a justiça e a punição de quem matou e de quem mandou matar Bruno e Dom!

 

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Oscar Bessa é militante e dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), graduando em Geografia pela UERJ FPP e coordenador do movimento São Gonçalo Vale a Luta.



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