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Observando a loucura



Quem não conhece a frase “de perto ninguém é normal”? Penso que nem de perto nem de longe sejamos normais.

Há alguns meses venho observando em um Equipamento de psiquiatria as pessoas que por alguma razão são levadas para esse espaço. O que mais me marcou desde o primeiro dia que estive lá foi a forma como me olharam: um olhar perdido e indefinido.

Nunca pensei muito sobre a loucura, mas a partir desse contato, fui tomada por vários questionamentos, afinal o que é ser normal? A sociedade me aceita, porque todos os dias acordo, tomo banho, o estimulante café e saio para trabalhar e estudar, dou bom dia e pago as contas do mês.

E se um dia eu deixar de fazer tudo isso? Logo, dirão: Coitada, ficou doida!

A complexidade da loucura e dos transtornos mentais, está infinitamente distante de um comportamento inadequado aos padrões de uma sociedade “sã”.

A história nos conta o quanto de injustiças e barbaridades foram cometidas nos manicômios, sanatórios e hospitais psiquiátricos, muitas das pessoas internadas nesses lugares eram levadas pela família e a partir daí eram privadas do convívio social, sem exercer nenhum direito.

Com o objetivo de transformar e humanizar o cuidado dessas pessoas, no ano de 2001 foi aprovada a Reforma Psiquiátrica e assim nas últimas décadas foram sendo desativados os leitos psiquiátricos.

Hoje temos os Centro de Atenção Psicossociais (CAPS) que atendem as pessoas com sofrimento mental e os CAPS III que possuem camas para acolhimento noturno e atendimento durante as 24 horas do dia.

Encontramos no CAPS uma equipe multidisciplinar que atua na perspectiva da melhora do paciente, no fortalecimento do vínculo familiar e social. Os pacientes fazem várias atividades e terapias ocupacionais.

Acredito que uma pessoa com transtorno mental sendo tratada com dignidade e livre, tem uma grande chance de ter uma vida saudável, de sonhar, realizar e de ser feliz.


Cristiana Souza é Assistente Social do Serviço Família Acolhedora em São Gonçalo.

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