A CPI da Covid e o bolsonarismo de pouca massa cerebral - por Helcio Albano
- Jornal Daki
- 7 de out. de 2021
- 3 min de leitura

A CPI da Covid (Pandemia), instalada no Senado em abril deste ano, vive um paradoxo: quanto mais se aproxima do fim, mais aumenta a necessidade de se avançar na investigação. E por quê?
A Comissão, acusada desde o início de não ter um fato determinado, e só criada a partir de uma interferência (indevida?) do STF no Parlamento, tem cuspido em nossa cara, tal qual irrompe do furúnculo purulento o carnegão, um estranho Brasil parido em 2018 com o retorno triunfal dos milicos ao poder a partir da vitória de um espantalho desclassificado e de tudo o que este representa e veio à reboque.
Após cinco meses de depoimentos e juntadas de evidências que darão fatalmente às Côrtes Penais daqui e do exterior, descobrimos que o tal fato determinado reclamado na verdade é o próprio Brasil, expulso do mesmo ventre podre e de morte, fecundado no golpe de 2016, que viria numa escalada de bizarrices ceifar a vida de 600 mil brasileiros pela Covid-19. E se ainda não fosse suficiente, nos tornar párias no mundo e de nós mesmos.
Todas as esferas de poder da república são partícipes do morticínio, consciente, deliberado. Crueldade tosca, banal, sem finesse. Debochada, movida à ganância desumana, sociopata e genocida. Vimos nessa CPI ladrões de vacina, esquemas de corrupção dos mais variados e atrevidos. Nada que a nós, porém, não seja de triste e inescapável familiaridade.
Mas é pior. O horror, o horror! Como balbuciou, na antessala da morte, em cena derradeira dirigida por F.F. Copolla, o coronel Kurtz em Apocalipse Now.
Deu-se aos operadores da morte, dos mais altos escalões do governo e de seguradoras de Saúde, a gestão da pandemia. Encarada como oportunidade de negócios numa guerra sanitária às avessas. De realização sádica de maldades. Sem vergonha em vomitar, ora seu desprezo profundo, ora seu ódio definitivo ao povo brasileiro.
Precisamos respirar fundo, contar até dez e reunir tudo que está sendo levantado na Comissão para, além de punir com rigor os criminosos, fazer também uma reflexão sobre como pudemos ter chegado até aqui. O que e quem permitiu chegarmos até aqui.
A coisa é bem mais do que política. E muito mais que um mero pesadelo. É hora de acordar e reagir.
Plus
E o show de horrores continua. O Guedes, o ministro, tem conta no exterior em dólar em paraíso fiscal. O Campos Neto, do Banco Central, também. Os dois são (seriam) responsáveis por manter inflação baixa, e o controle do câmbio (dólar) é fundamental nisso.
Só o Guedes explodiu a banca. Começou no governo com R$ 20 milhões. Com o dólar nas alturas, do qual, junto ao Bob Fields Grandson, é responsável direto, a fortuna foi para R$ 54 milhões. Isso só numa de várias contas que o especulador tresloucado que odeia pobre deve ter das Ilhas Virgins à Delaware. O Brasil? Que se dane!
Esperto, o Guedes sabe o quanto é temerário manter dinheiro num país onde o Guedes é ministro da economia. Tá certo!
No Japão uma bosta dessa já teria cometido haraquiri. Mas cadê a vergonha dessa gente?
Bônus
Na sessão desta quarta (06) o Prof. Josemar (PSOL) disse na Tribuna que os bolsonaristas usam mais a massa corporal do que a massa cerebral quando, jorrando perdigotos, abrem a boca e saem em defesa do coisa ruim ou de alguma coisa de ruim defendido pelo troço.
Seu colega, caricatura de si mesmo, representante maior do corpóreo-bolsonarismo-bombadão na Câmara, que às vezes me obriga a sorrir para Lombroso, não gostou nadinha e assomou à Tribuna para, de peito aberto, jorrando perdigotos, dar razão ao colega psolista com argumentos da profundidade de um pires, pra ser bem generoso. Sentiu, como se diz.
Em meio ao constrangimento geral, Josemar também sorria.
Bônus-Track
Eu não conheci pessoalmente o Mazinho do Bar, falecido precocemente no último domingo. Mas sempre foi uma figura onipresente na política e nas eleições pelo menos desde 2000, quando comecei a acompanhar mais de perto a cena política da cidade. Minhas condolências à família.

Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.


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