A magia da Bienal do Rio de Janeiro: Capital Mundial do Livro
- Jornal Daki
- há 5 minutos
- 3 min de leitura
Por Rofa Araújo

Imagine um evento de dez dias, lotado, em que o que chama a atenção do público não é um artista de grande renome, mas simplesmente o livro. É exatamente o que acontece de dois em dois anos, na Bienal do Rio de Janeiro, considerada uma das maiores festas literárias do mundo.
Exatamente por esse motivo, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida pela UNESCO, como a Capital Mundial do Livro, em 2025. É a primeira vez que um município de língua portuguesa recebe essa distinção.
Um evento ímpar que os amantes da leitura não perdem de maneira alguma. E uma mistura de grandes editoras com outras menores. Autores famosos com filas de autógrafos e aqueles independentes lutando por uma venda e catando seu público com livros na mão ou até vestidos de fada, bruxos ou outros personagens. Lançamentos badalados, outros mais simples, mas todos com o objetivo de angariar leitores e levar emoção a cada um deles.
É literatura para todo o gosto de leitura. Ninguém pode reclamar de que não conseguiu achar nada que o agradasse. É romance para o público cristão, LGBTQIA+, livro sobre o recém-escolhido Papa Leão XIV, passando por diversas literaturas infantis e para adolescentes no mundo fantástico.
Cenários para fotos é o que não faltou. Os poderosos estandes das grandes editoras investiram pesado em algo que chamasse a atenção e formou filas para clicar seu momento na Bienal e postar nas redes sociais para conseguir likes em publicações das mais diversas e em stories.
O público sempre ama quando vai de encontro ao seu ídolo da literatura e não abre mão de um autógrafo mesmo com filas quilométricas ou mesmo encontra por acaso com um famoso pelas ruas dos pavilhões do grandioso Riocentro.
E, também, acontecem diversos fatos inusitados, como a da jovem autora gaúcha de 20 anos de idade, em seu primeiro lançamento. Postou um vídeo em que mostrou sua mesa vazia porque ninguém de seus convidados compareceu. E até mesmo viralizou, apesar de não ser algo tão incomum assim, devido a quantidade de público e autores presentes no mesmo local e lançamentos simultâneos livros dos mais diversos. Basta não desanimar de ser escritor por casos como esses.
Eu sou Rofa, escritor. Lancei meu primeiro livro na Bienal do Rio, em 2011. E, de lá para cá, escrevi mais cinco livros, totalizando seis. Já lancei na Bienal de São Paulo duas vezes e com apoio de Secretaria de Cultura da cidade onde moro. E, depois, fui in loco ao meu público infantil em escolas e cristãos nas igrejas. Assim, parece mais adequado e mais focado e centralizado como convidado da ocasião e não um no meio de muitos. Mas cada autor pode encontrar suas melhores técnicas.
Em 2025, retornei como autor e não somente como participante, na edição do ano, lançando como coautor, uma antologia de poemas. Um sarau, momento especial em que cada um pode recitar sua própria poesia, atraindo a atenção dos colegas da obra e dos presentes em geral.
Enfim, participar de mais uma edição da Bienal é algo sublime. Não tem explicação a emoção de estar naquele lugar desse grande evento que a cada ano parece surpreender de alguma forma. Em especial quando olhamos para os lados e percebemos tantos estudantes ali, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Todos impulsionados pelo intuito da leitura e saindo dali picados por essa “mosquinha azul da cultura”.
E algo que chama sempre a atenção são as malas pelos corredores a fora. Eu disse “malas”... que saem cheias de livros e não de dinheiro como muitos casos de políticos por aí afora. Uma cena emocionante de ver. Ler ainda mexe com as pessoas por incrível que pareça, mesmo parecendo algo difícil de acreditar. Nem tudo está perdido!
A leitura não é algo superficial, descartável e, sim, profundo, prazeroso, impactante e que transforma vidas. É capaz de mover alguém em direção a um mundo particularmente melhor e que, no todo, muda uma sociedade e a todos ao redor do planeta, do micro ao macro.
Que venham mais e mais saraus, feiras culturais e que essa Bienal do Rio e outras festas literárias solidifiquem a cultura, sejam mágicas e enraízem vidas para que, com essas sementes plantadas, sejam árvores frondosas na vida e floresçam cada vez mais a paixão pela leitura.
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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.