Como a internet amplificou a primeira Greve Nacional na gestão de Javier Milei
Por Matheus Guimarães
A política argentina sempre foi palco de intensos debates e reviravoltas, mas a ascensão meteórica de Javier Milei trouxe um novo capítulo para essa narrativa. Em apenas 45 dias de governo, o presidente argentino enfrenta sua primeira greve nacional, uma façanha que deixou muitos perplexos, mas que também revelou a poderosa influência da internet no cenário político atual.
A revolução digital e a primeira paralisação nacional
A internet, com sua capacidade de conectar e mobilizar pessoas, desempenhou um papel crucial na organização da Greve Geral. Plataformas de mídia social tornaram-se verdadeiros campos de batalha virtuais, onde as ideias e opiniões ganharam força como nunca antes. A habilidade de Milei em utilizar essas ferramentas a seu favor foi uma das principais razões de sua ascensão ao poder, mas também se mostrou uma faca de dois gumes.
A arma de Milei contra ele mesmo
Javier Milei, conhecido por sua comunicação direta e incisiva, sempre foi uma figura polarizadora. Sua habilidade de se conectar com a população de forma autêntica e, muitas vezes, controversa, foi uma vantagem durante a campanha eleitoral. No entanto, ao assumir a presidência, Milei continuou se comunicando como se estivesse em uma corrida eleitoral constante, não como o líder de uma nação.
Essa abordagem, embora mantenha uma base fiel online, mostrou-se uma desvantagem durante a Greve Geral. O silêncio de Milei e o arrefecimento de sua militância online abriram espaço para grupos de oposição se manifestarem livremente nas redes. A ausência de uma resposta imediata do presidente criou um vácuo que foi rapidamente preenchido por críticas e protestos virtuais.
O vácuo online e a voz da oposição
Durante a Greve Geral, os 10 posts com maior alcance e engajamento sobre a pauta foram todos de oposição. A combinação do silêncio de Milei com a mobilização online daqueles insatisfeitos com seu governo permitiu que críticas e manifestações ganhassem destaque nas redes. Grupos de oposição aproveitaram a oportunidade para se expressarem e questionarem as decisões do governo.
Além disso, houve um amplo investimento no uso de anúncios nas redes sociais por parte dos opositores de Milei. Essa estratégia eficaz capitalizou a insatisfação pública e contribuiu para a propagação rápida das mensagens contrárias ao governo. A internet, que outrora foi o terreno fértil para a ascensão de Milei, tornou-se agora o palco principal da resistência.
A queda do apoio e a pesquisa da Zuban Córdoba
O apoio a Javier Milei está em declínio, e os números não mentem. Segundo uma pesquisa da Zuban Córdoba, 54,3% dos argentinos acreditam que o governo Milei está indo na direção errada. Essa queda acentuada de aprovação reflete não apenas o descontentamento com as políticas implementadas, mas também a perda de conexão online que Milei experimentou durante a Greve Geral.
Conclusão: lições para a comunicação política
A experiência de Javier Milei e a rápida ascensão e queda durante a Greve Geral oferecem lições valiosas para os profissionais de comunicação. A internet, embora seja uma ferramenta poderosa para construir movimentos políticos, também pode se voltar contra os líderes se não for gerenciada adequadamente. A comunicação online, se não for adaptada ao papel de governante, pode criar um vácuo que permite que a oposição floresça.
A saga de Javier Milei continua a ser um exemplo de como a política e a internet estão intrinsecamente interligadas. O desafio para os profissionais de comunicação é equilibrar a autenticidade online com a responsabilidade do cargo, evitando que a poderosa ferramenta da internet se volte contra seus próprios criadores.
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Matheus Guimarães é consultor, palestrante e especialista em mobilização política