E então, você sabe ler?
- Jornal Daki
- há 2 horas
- 2 min de leitura
Por Odimar Junior

Em maio deste ano, escrevi aqui uma reflexão sobre a leitura. Alguns meses depois, em setembro, tratei de um documentário que assisti. O que esses dois textos têm em comum?
Eles têm tudo em comum, pois é necessário aprender a ler os diversos textos que chegam até nós. Somos bombardeados o dia todo com informações. São tantas que nem temos tempo de analisar ou de refletir sobre a maior parte delas. Uma lástima! Engolimos conteúdos como se fossem um fast food capaz de nos causar uma indigestão intelectual.
Uma vez feita a comparação com a comida, é necessário escolher o “prato-texto” que vamos degustar. Várias opções nos são oferecidas ao longo do dia, todos os dias, mas ninguém é capaz de absorver tudo o que lhe é apresentado.
É claro que podemos (e devemos) realizar mais de uma “refeição-leitura” por dia, mas ela precisa ser balanceada. Precisamos avaliar se o que vamos ingerir nos fará bem ou mal, se nutrirá a inteligência ou adoecerá o pensamento.
Escolhidos os “pratos-textos”, é preciso degustar, praticamente ruminar o “alimento-informação”. Não podemos consumir de tudo sob o risco de um desarranjo verbal, como os que presenciamos rotineiramente nas redes sociais.
Por falar nelas, nas redes sociais há um cardápio variado que alimenta o ego de quem posta e o desejo de quem consome — e isso tem adoecido nossa geração. As postagens sustentam as mais variadas estupidezes, abalam o discernimento do que é verídico, desmoronam a percepção do ridículo, enaltecem argumentos ardilosos, dão fama a quem nunca deveria ser conhecido e, o pior, elegem pessoas totalmente despreparadas para a função pública.
É como escolher tiririca-do-brejo (Cyperus difformis) no lugar de um alimento rico em nutrientes. É transformar o cargo político, sobretudo no campo legislativo, em uma palhaçada — dada a deformidade da planta invasora — simplesmente porque se deixou encantar por um discurso de fácil assimilação ou, talvez, porque se acredita que já não vale a pena pensar, analisar e estudar para votar.
A soma das mentiras propagadas nas redes (inclusive por cristãos) com a desesperança do povo em seus representantes resulta na manutenção, no poder, das mesmas pessoas e famílias há décadas (ou séculos). Explico: você consome o que chega sem avaliar se é um bom alimento, entope-se do “podrão” de mentiras enquanto pensa “o Brasil não tem jeito”, “todo mundo rouba”, “não existe político honesto” etc. Qual o resultado? Você não se importa com o próprio voto e acaba elegendo sempre as mesmas pessoas.
Se você age assim, lamento informar: você não sabe ler. Pode até saber juntar letras, palavras e frases, mas o essencial — interpretar o mundo e os discursos que chegam até você — ah, isso não sabe.
Se o povo brasileiro soubesse ler o mundo, não teríamos hoje tantos políticos ligados ao crime organizado.
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Odimar Junior, maratonista amador e que deseja continuar correndo por muitos anos, a menos que o joelho impeça.


















































