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Educar para a democracia: você tem algo a dizer?

Sirley Teresa dos Reis

Foto: Flickr
Foto: Flickr

Como funciona a democracia brasileira? Quais os caminhos que podemos percorrer no exercício da cidadania? Estas perguntas foram feitas por um professor de História para sua turma de 9º ano. O professor obteve apenas 1 resposta em uma turma de 36 alunos.


Uma aluna de 16 anos, filha de mãe solo, com 5 irmãos menores e moradora em uma comunidade próxima à Escola respondeu: “No Brasil, só funciona o que não favorece o pobre. A polícia funciona. Sua função é esculachar o pobre. A cadeia funciona. Sua função é prender pobre. A democracia não funciona, porque ela deveria servir para libertar o pobre”. (sic).


O professor explicou que a concepção de democracia, desde os gregos, traz em si a ideia de liberdade, contudo, sua raiz é a igualdade. No Estado Democrático todos são iguais. Essa igualdade é formal, está na lei, mas não se realiza no cotidiano sem a intervenção dos sujeitos, sem a participação dos sujeitos. E quem são os sujeitos? Aqueles que se reconhecem como iguais, que se posicionam, respeitando o limite do outro.


É a igualdade de direitos que permite ao homem manifestar-se, erguer sua voz e defender seus interesses, o interesse da sua coletividade. E, nesse ponto, o homem rico e o homem pobre podem igualmente se manifestar. A questão é qual deles é reconhecido socialmente como autor de um discurso legítimo, de um “lugar de fala” autêntico e original?


A democracia não pode se concretizar numa sociedade que não é democrática. O regime, por si só, não muda a sociedade. O que muda a sociedade é a vontade coletiva nacional e popular.


A soberania precisa ser exercida pelo povo. Ao ocupar o seu devido lugar na cena política, o povo muda a política. Assim, ao exercer o direito ao voto, o povo se manifesta e busca soluções para os problemas que considera importantes.



A juventude faz parte desse grupo de sujeitos que pode exercer sua vontade - por direito, não por um dever. Assim, precisa ter consciência e desejo para exercê-lo. No próximo dia 04 de maio se encerra o prazo para quem possui de 16 a 17 anos se alistar e participar da próxima eleição.


Os rumos políticos, sociais e econômicos do país estão em debate. Você tem algo a dizer? Já escolheu o caminho? Conversou com alguém sobre a possibilidade de um novo lugar para se viver? Se você não o fez, quem fará por você?


Para encerrar a aula o professor escreveu no quadro: “É preciso reduzir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que num dado momento a tua fala seja a tua prática”. Paulo Freire.


Ao comentar, na sala dos professores a dificuldade que teve para estimular a turma a pesquisar sobre o tema, o professor deixou no ar a questão: Tenho educado meus alunos para a democracia? Se não o fiz, quem fará por mim?

Colaborou Aldaléa Figueiredo dos Santos.

 

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Sirley Teresa dos Reis é Assistente Social, Psicóloga, estudante de Pedagogia. Mestranda em Educação UFF 2021 e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender.



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