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Esperançar em tempos de pandemia: por uma educação pública, gratuita e de qualidade

Por Karla Amaral

Imagem: Reprodução Internet
Imagem: Reprodução Internet

Quando recebi o convite para realizar uma fala na abertura do ano letivo de 2022 da rede municipal, na qual atuo, como psicóloga escolar refleti sobre o que falar neste período após 2 anos letivos de pandemia com todos os desafios que nos foram impostos. Diante de tudo que nós vivemos (insegurança, medo, ansiedade, um pouco de desespero, sobrecarga – principalmente a sobrecarga feminina) como pensar e refletir esta fase?


Eu não consigo pensar a educação sem pensar pela perspectiva de Paulo Freire. E Freire, patrono da Educação Brasileira, tem uma contribuição enorme para ajudar a refletir e também a reconstruir muito do que foi perdido ao longo destes 2 anos difíceis. Para isso buscamos em seu livro a Pedagogia da Esperança que nos presenteia com sua singela reflexão: “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!”


Como ESPERANÇAR diante de um cenário tão caótico? Diante de tantos desmontes para um projeto educacional brasileiro, mas acima de tudo: Como trabalhar com educação sem ter esperança? Você professora e professor entra na sua sala, com aquele aluno que vive num contexto que não conhece, mas você está lá, na sala de aula com aquele menino. Você, professora, faz com que aquele menino aprenda a ler o mundo. Como fazer isso sem ter esperança?

Quais certezas você tem quando entra na sala de aula todos os dias? Quantas crianças – ainda que com toda dificuldade (déficit, atraso, fracasso e todos os nomes que damos e usamos), esteve na sua frente e você mediou e investiu energia, afeto, método. Você investiu até insegurança e frustração, mas você investiu. É na sua sala de aula que nasce a esperança.

Freire nos mostra um caminho: a esperança é necessária, mas não é o suficiente. Nós precisamos sim, levar em consideração aspectos concretos da realidade. Ele nos diz que a “esperança precisa se ancorar na prática”. Afirma que é tarefa da educadora e do educador descobrir – desvendar as possibilidades, não importa os obstáculos para a esperança. E este ano é um ano da esperança. O ano que vamos nos juntar com outros para fazer, de outro modo, como disse Freire. Temos aquilo que nos une na nossa escolha diária: ser educador é transformar a realidade.

 

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Karla Amaral é Psicóloga Escolar, servidora pública, mestre em Política Social pela UFF, membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna "Daki da Educação", publicada às sextas.



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