Parada 40 e o homem que calculava, por Erick Bernardes
- Jornal Daki
- 25 de ago. de 2019
- 2 min de leitura

Que mal faria ao mundo se a matemática cotidiana fosse tomada como filosofia de vida? Bem, primeiramente o simples exercício físico na rua da caminhada estaria fadado a cálculos de perda e ganho de calorias e poria abaixo o fator diversão. Ora, em vez de espairecer a mente, o cidadão se meteria a resolver equação, vigiando o cronômetro, em cálculo breve de tempo-espaço durante a caminhada. Mas nem só de contas de somas, subtrações e divisões vive o homem, não é mesmo? Crescei e multiplicai! E vamos ao caso — e aumentemos o nosso conhecimento.
Quando se fala da Parada 40, logo o gonçalense recorda a história do bonde que saía de Niterói com destino ao município de São Gonçalo. Curiosos contavam os pontos de embarque e desembarque até o veículo da Tramway alcançar a quadragésima parada. Daí por diante, o leitor já sabe: parada 40, eis um bairro gonçalense.
Bem, a história do registro do lugar nascido da contagem de pontos de bonde teria se restringido a isso? Claro que não. A matemática é outra. Pense em um lugar que obteve um dos clubes sociais mais charmosos das redondezas, pois é, temos o nosso Embaixadores Social Clube. Espaço de aconchego, toda manhã seus sócios jogam baralho, dominó e até gamão. “Ah, mas isso foi há quase 100 anos”, dirá o cidadão mal informado. Óbvio que não. Vá lá conferir! Tem quadra de esportes, academia, salão de festas, enfim.

O morador que desce o machado no município, por causa da própria falta de conhecimento, se surpreenderá com o presente lhe esfregando na cara um outro pioneirismo que não poucas vezes nos passa despercebido. Uma pena não saber, algo louvável, monumento bonito que só a nossa São Gonçalo possui. Necessário valorizar. Pois é, falo do Relógio de Sol da Parada 40, idealizado pelo escritor e historiador Décio Machado. Um bom motivo pra conhecer de perto. O único relógio solar do mundo em posição vertical com dupla face de orientação construído por amor ao município. De fato um lindo presente, só existe este assim.
E por falar em orientação, afirmam alguns entendidos no assunto que a ideia do tal relógio-monumento tomou como base um antigo projeto lá do oriente, originalmente com um lado só de marcação. Bom, mas isso é assunto pra outra hora, porque o relógio da Parada 40 é duplo e pertence aos gonçalenses.
Fiquemos então por aqui, pois o tempo corre feito coelho fujão e oferece outra vez palpite para a sorte de hoje. E eu, no meu andar de tartaruga, vejo as horas de lazer passarem feito flash e a minha paranoia com os números aumentar.

Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.

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