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Por que Salvador Dalí foi expulso do Surrealismo?

Por Lucas Fortunato

Salvador Dalí/Foto: Pixabay
Salvador Dalí/Foto: Pixabay

Sabe-se que, diferentemente das polêmicas contemporâneas nas redes sociais, para os artistas de vanguarda do século XX afirmar sua posição política poderia ser – literalmente – uma questão de vida ou morte. Assim, muitos movimentos da arte moderna europeia estavam associados a correntes filosóficas e ideológicas de seu contexto. 


O Dadaísmo, surgido em meio à Primeira Guerra, em 1916, na Suíça, culpava o capitalismo, a violência bélica e a arte tradicional pela crise social daquele momento, entregando-se às inspirações anarquistas, através de uma arte ilógica e avessa ao realismo clássico. Figuras como Pablo Picasso e André Breton, símbolos do Cubismo e Surrealismo, também assumiram diretamente seus ideais, como membros de partidos comunistas. Salvador Dalí, no entanto, envolveu-se em polêmicas diante de seu (não) posicionamento na época.


Para os amantes da Arte e os fãs de La Casa de Papel, o pintor catalão é inesquecível por seu bigode pitoresco; além de ser um dos maiores expoentes do Surrealismo e dos mais famosos nomes da arte ocidental. Suas obras são extravagantes e representam bem a fusão entre realidade e sonho proposta pelo movimento. Criou, com maestria, paisagens oníricas e cenas irreais, muitas vezes com forte carga simbólica.


Dalí tem uma biografia repleta de fatos curiosos, sejam eles admiráveis e/ou questionáveis. O pintor já havia sido expulso da Real Academia de Bellas Artes de San Francisco, em Madri, pouco antes de sua graduação, ao afirmar que não havia ali quem tivesse a qualidade e capacidade de avaliá-lo artisticamente.


Sua expulsão da comunidade surrealista, porém, é considerada mais grave, pelo menos para os demais membros do movimento. O fato, ocorrido em 1939, foi consequência do posicionamento político de Salvador. Afinal, os surrealistas, do mesmo modo que Breton, considerado líder do movimento, tinham orientações marxistas, socialistas e/ou comunistas.


Dalí, que já havia se declarado monarquista e anarquista anteriormente, preferia agora não compartilhar dos ideais de seus companheiros. Defendeu, por outro lado, que ele e sua arte eram apolíticos, opondo-se às obras como ferramenta ideológica e partidária. Não se declarava nada, senão católico.


Por outro lado, muitos consideravam que Dalí era um simpatizante dos regimes e ideais fascistas, inclusive posicionando-se a favor do ditador Franco, na Espanha, e fazendo referências pictóricas a Hitler em algumas de suas obras.


Naturalmente, Dali não se considerava antissemita, tampouco apoiador do führer. Isso, porém, não bastou para impedir sua expulsão do movimento, nem mesmo reconquistar a simpatia de antigos colegas pintores, que passaram a querer invalidar sua imagem como artista e desassociá-la do movimento.


A polêmica rende debates até hoje. Em meio ao contexto crítico de uma Europa pré-Segunda Guerra, e de ascensões nazifascistas, muitos consideram os posicionamentos e declarações de Salvador Dalí inaceitáveis.

 

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Lucas Fortunato é professor de Arte, pesquisador no campo do Cinema-Educação.

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