À inspiração
- Jornal Daki
- há 5 dias
- 2 min de leitura
Por D.Freitas

Sou metódico, contudo procuro sempre, como companhia, pessoas rodeadas pelo acaso. Assim a encontrei em um show de Rap. Seus trajes eram controversos se comparados ao local, a música e as vestimentas dos demais. Por mais que o movimento hip-hop, em sua maioria, seja inclusivo, olhares pousavam sobre ela por onde passava com diversos julgamentos (positivos ou não) estampados em seus rostos.
Não sei se foi o tom de suas roupas ou do seu cabelo que primeiro me chamou atenção. Também não sei bem o que a fez prender seu olhar em mim em meio a tantos outros olhos que lhe fitavam. Sei que foi assim: por acaso.
Às vezes nos falávamos todo dia e às vezes ficávamos semanas sem nos responder. Às vezes nos apresentávamos como amigos, outras como namorados. Às vezes fodíamos e às vezes fazíamos amor. Várias vezes prometemos nunca mais nos vermos, pois tínhamos nossos motivos. Muitas vezes prometemos ficar juntos para sempre e isso não ocorria por outros motivos. As vezes que não precisávamos nos despedir, do meu ponto de vista, foram as melhores, mas as vezes que eu a vi partir pela porta e aguardava ela olhar para trás por cima dos ombros também não me geravam um ponto de vista tão ruins. Geravam até certas lembranças.
Desde a última vez ela sumiu. Por tempo o suficiente para que eu me preocupasse e a procurasse com certo afinco por algum tempo. Não tínhamos tantos amigos, muito menos em comum e não nos levávamos tão a sério a ponto de conhecermos alguém da nossa família. Esse tempo durou até me lembrar de como isso tudo começou: ela sempre foi imprevisível. Sempre se banhou no caos e acaso. Eu, metódico, sem ela me vi tentando me reabituar ao tédio.
Espero sua volta. Sei que ela volta.
Ela sempre volta quando precisa bagunçar tudo por aqui mais uma vez: Minhas certezas; meu caderno de anotações; minha cama.
Baseado na música do rapper ‘BK – O próximo nascer do Sol’.
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Davi Freitas (D.Freitas) nasceu em São Gonçalo, cria da cultura gonçalense, desde sempre conviveu com músicos, poetas e escritores. autodidata, aprendeu violão e bateria sozinho e junto com o irmão Lucas Freitas fez algumas apresentações até ter, por motivos profissionais, que mudar de estado. Como escritor, participou, pela Editora Apologia Brasil da Antologia em Tempos Pandêmicos e inicia agora sua trajetória no mundo das crônicas e contos.
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