A Educação no debate eleitoral 2022
- Jornal Daki
- 2 de set. de 2022
- 3 min de leitura
Por Edir Tereza dos Reis

No dia 28/08/2022 a TV Bandeirantes exibiu o primeiro debate entre os seis presidenciáveis melhores posicionados pelas pesquisas de intenção de voto: Felipe D'Ávila (Novo), Lula (PT), Simone Tebet (MDB), Jair Bolsonaro (PL), Soraya Thronicke (União Brasil) e Ciro Gomes (PDT).
Não é intenção deste artigo falar sobre o desempenho dos candidatos ou sugestionar o voto do nosso leitor.
O propósito que temos é discutir a fala do candidato Felipe D’Ávila sobre educação, isto porque a consideramos extremamente pejorativa e injusta para conosco, profissionais da educação.
Sua primeira fala: “(...) neste Brasil em que nós gastamos 5,8% do PIB com educação há tantos anos, as crianças continuam não aprendendo, os professores continuam não ensinando, (...) o que é que nós precisamos fazer para acabar com esse descalabro da educação’’. Vemos que o candidato culpabiliza diretamente os professores pelo fracasso da educação.
A prática docente demonstra claramente que é equívoco culpabilizar o professor pelo fracasso escolar no Brasil.
A educação sistemática se dá na escola e está diretamente ligada ao ensino – estamos falando de conteúdos e métodos, itens do fazer docente e à aprendizagem – aluno em seu contexto. Por mais que o professor tenha competência técnica e humana se o aluno não estiver com a saúde plena haverá interferências negativas no seu processo de apreensão.
Todas as pesquisas sobre fracasso escolar na educação básica apontam para alunos provenientes da classe popular. Listamos alguns motivos – falta de atendimento a serviços médicos indispensáveis, desnutrição (muitos alunos só fazem refeição completa na escola), famílias desestruturadas cujos conflitos repercutem na saúde mental dos alunos e outras mazelas socioeconômicas que contribuem para o afastamento dos alunos como a violência nos bairros periféricos que impedem as aulas e trazem insegurança a todos na escola. Soma-se a falta de infraestrutura e recursos humanos em várias escolas públicas e as turmas com alto quantitativo de alunos. Estes fatores por si explicam o fracasso escolar no fundamental e no ensino médio, etapa em que a evasão se dá em prol do aluno ter que trabalhar para ajudar a família.
Então respondemos ao candidato: ensinar não basta, PRECISAMOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS EFETIVAS que possibilitem ao aluno aprender.
A segunda fala: “(...) O professor precisa aprender a dar aula, o curso de pedagogia precisa mudar completamente, é completamente arcaico hoje (...)”. Neste caso propomos ao candidato frequentar um curso de pedagogia para falar sobre reestruturação do curso com pertinência. Os cursos têm duração de quatro anos e uma vasta grade de conteúdos e conta com excelentes profissionais na maioria das instituições que oferecem esta habilitação.
Os pedagogos brasileiros lutam em diversas frentes pela valorização profissional e na defesa dos seus direitos – não precisamos de um candidato que nos desvalorize publicamente – arcaica é a mentalidade de quem defende a privatização total e desqualifica os profissionais da educação publicamente!
Deste primeiro debate, além da tristeza desta fala, ouvimos promessas de valorização profissional, incremento nas políticas de bem-estar social e mais investimento na educação – são estas as propostas que contemplam os anseios de professores e pedagogos – profissionais que independente das falas pejorativas dos incautos, resistem e seguram a educação pública brasileira.
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Edir Tereza dos Reis é Orientadora Pedagógica (PMDC), Supervisora Educacional (PMSG), Psicopedagoga, especialista em Neurociências, membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna "Daki da Educação", publicada às sextas.

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