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Assim, assim

Foto do escritor: Jornal DakiJornal Daki

Por Paulinho Freitas

Foto: Reprodução/TV Brasil
Foto: Reprodução/TV Brasil

Me corta o coração ver as pessoas dormindo na rua, às vezes sob um sol absurdo de quente. A miséria, o vício, a falta de esperança faz estas pessoas  entregarem os pontos, jogarem a toalha, desistirem da luta pela vida. Onde vai parar esse trem desgovernado chamado mundo? Sei não.


Trabalho na saúde mental e meus iguais passaram muito tempo sob regime de internação.


Era como uma prisão, não tinham direitos, comiam o que tinha e se estivessem presentes na hora em que a refeição fosse servida. Alguns deles saíram das ruas direto para as casas manicomiais e lá só faziam piorar. Uns, com os choques elétricos que tomavam como terapia, ficavam com as articulações rijas, irreversivelmente rijas. Outros só precisavam de um lugar para morar, não tinham diagnóstico nenhum de deficiência, mas com as fortes medicações acabaram saindo da realidade e achavam tudo o que acontecia normal. Não sentem dor, não ligam saber em que dia estão, nada importa, só esperam o dia em que a dama de negro, ou de branco, sei lá, os vier estender as mãos para levá-los para outro plano.



Essas pessoas que na rua estão, tem ou tiveram família, uma casa, um trabalho, uma vida e de repente, do nada se veem nessa situação. Daqui há pouco estarão também nos abrigos ou residências terapêuticas, sem saber o porquê estão vivendo.


Bateu em nossa porta aqui do trabalho um rapaz pedindo um quilo de alimentos e ao receber como resposta que não tínhamos como ajudar, começou a gritar palavrões e dizer que iria para a “pista” assaltar a primeira pessoa que passasse. Como ele não sabia fazer isso, pois era apenas mais um desesperado procurando um sentido para viver, a primeira pessoa que viu anunciou o assalto, com as mãos dentro do bolso do casaco simulando uma arma achava que seria fácil, até foi, porque a senhora em questão não ofereceu resistência, mas atrás dele estava um policial à paisana que deu-lhe uma surra bem dada e o levou para a 72 DP onde certamente passará alguns dias, será fichado e se alguém não fizer algo, será mais um sob o rigoroso sol de verão de nossa cidade, dormindo sob efeito de drogas, acordando com fome e consumindo mais drogas para fugir da realidade. 


O coração tá mudo, o peito apertado, os olhos na televisão só vêem notícias ruins. Nem dormir eu posso, tenho trabalho a fazer. É difícil acontecer, mas hoje, eu não tô legal.


Fuiiiiiiiii!!!!!!!


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.


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