Memória de elefante
- Jornal Daki
- há 3 horas
- 2 min de leitura
SÃO GONÇALO DE AFETOS
Por Paulinho Freitas

Sempre tive uma excelente memória. No colégio, apesar de ter sido um preguiçoso pra estudar, achava que sabia mais que a professora, decorava rapidamente as matérias. Depois, na adolescência, também participei do grupo teatral da Igreja e decorava as peça inteiras, personagem por personagem, até hoje sei algumas falas.
Quando decidi tocar e cantar na noite, tinha um repertório com mais de cem músicas e não olhava uma única vez para a pasta de musicas, sabia o repertório inteiro. Nos escritórios em que trabalhei, sabia o número de todos os documentos da empresa e dos sócios, necessários para contratos e outros afazeres. Sempre com tudo gravado na cabeça.
Ontem minha esposa me fala que estou com problema de memória, logo eu, que gravo tudo instantaneamente. Perguntei em que ela se baseou para tal grave acusação. Só porque ela me pediu para comprar três tomates, duas cebolas e um cheiro verde. Eu pedi a ela para mandar no zap, caso ela precisasse de mais alguma coisa.
Voltei pra casa com três latas de cerveja, um quilo de barriga de porco e um refrigerante de dois litros. Ela pergunta se eu não vi a mensagem no celular, não vi porque o deixei em casa, claro que não esqueci, só deixei ele em casa. Voltei ao mercado para comprar os insumos, cortei o cabelo, comprei a cebola e o pimentão, o tomate e o cheiro verde, acho que não tinha e o pimentão veio por engano. Foi uma discussão terrível.
Voltei lá, comprei o bendito do tomate e ficou tudo bem. À noite, na hora do jantar, estava com o prato na sala, jantando e lembrei que não peguei o suco, fui lá pegar o suco e voltei com outro prato de comida e sem o suco.
Fomos ao médico esta semana e ela pediu pra eu falar sobre meus esquecimentos, apesar de ter uma excelente memória, resolvi que iria falar sobre. Falei sobre dores nas pernas, pressão alta e dores no estômago. Quando saí, ela me pergunta se eu falei do problema de memoria. Perguntei logo: Que problema? Eu não tenho problema de memória.
Aí ela me pergunta se eu falei com o médico dos remédios que estava tomando, mais uma vez respondia que não, afinal já fazia algum tempo que não tomava. Ela ficou brava e sem um pingo de educação me virou às costas resmungando:
_Eu desisto!
Já dizia um grande amigo meu que... Aliás, esse assunto começou porque...
De que falávamos mesmo? Me fugiu agora, foi só um lapso. Daki a pouco eu me lembro.
Obs: Saúde mental é coisa séria. Cuide-se!
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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor


















































