Eleições: impressões de dentro para fora - por Rofa Araújo
- Jornal Daki

- 5 de out. de 2022
- 3 min de leitura

Trabalho como mesário no TRE – Tribunal Regional Eleitoral há dez anos seguidos, sendo quatro seguidas na função de presidente de seção eleitoral. Nesse ano, ao observar os eleitores, parece que algo estava no ar e bem diferente.
Como bom escritor, jornalista e professor, fiz daquelas horas de trabalho um laboratório de observação. Pessoas votando como simples obrigação, sem nem saber os números de seus candidatos ou reclamando que a foto não era dele ou dela ou por falta de conhecimento ou porque também não é das melhores definições na tela.
Um senhor estava demorando votar e indaguei o motivo e fui orientando a quantidade de números de cada cargo e ainda assim não terminava. Finalmente quando saiu, disse que digitou na tela, pensando ser de touch screen como num smartphone. Oiiiiiii??? Como assim???
Outro veio sem nenhum documento de identificação com foto e ainda falou que nunca foi dito isso nas propagandas sobre as eleições. Disse que não iria votar então, mas retornou com seu documento e votou. As regras são claras ou criadas por cada um?
E os adeptos dos candidatos? Uma menina com camisa do Flamengo disse: “Vou votar no Lula para tirar esse presidente!” e outro vestido de camisa da seleção brasileira, bradou: “Voto no Bolsonaro que dará uma lavada no Lula!”. Cada um com suas “razões”.
O que deu a entender nessa eleição, em especial, é que as pessoas estavam de certo modo animadas para dar o seu voto, com as exceções daqueles que não se importavam, pois desacreditavam dos candidatos e do próprio país.
Quando há análise criteriosa com argumentos da situação, muitas vezes até é possível notar até mesmo novas ideias nunca imaginadas, mas quando existe uns simples e impensáveis compartilhamentos de notícias que sequer mostram as fontes, aí é o grande problema, tornando até mesmo as pessoas cúmplices desse crime, por inocência ou má fé mesmo.
Parece que aflora no semblante de cada um suas ideologias, passando até mesmo pela religião, espiritualizando e demonizando os próprios candidatos, buscando respaldo até na Bíblia que orienta bem o amor ao próximo e respeito as suas opiniões divergentes.
As comparações mais esdrúxulas são de coisas que nunca ocorreram com alguns já tiveram no poder, comparando o Brasil com outros países que nada tem a ver com o nosso e regimes que são ditatoriais, podendo ser de ultraesquerda, ultradireita ou até de monarquias e que esquecendo do fundamental: o governo em si e como as suas ações chegam ao povo. Serão iguais ou a memória parece não lembrar?
E aqueles que têm medo de votar em alguém e pesar a sua consciência? E os que falam: “Só pode reclamar do eleito que votou nele. Os outros devem ficar quietinhos.”? São casos e mais casos de brasileiros que pensam, não pensam, defendem e atacam alguém com ou sem motivos e assim o Brasil vai tomando rumos dados pelo povo de verdade ou por manipulação enganosa em que caem por querer ou pela dificuldade de analisar o que lê e vê pela frente, inclusive, por deficiências educacionais de anos a fio e falta de investimento na área nos últimos anos.
Os maiores absurdos ouvimos no primeiro turno e certamente já estavam ouvindo no segundo, para nos ludibriar e obrigar a um voto por razões reais ou ficcionais, como muitas ideias tentam levar.
Queremos um Brasil melhor em relação ao de hoje ou achamos que tudo está muito bem? Podemos e devemos ter esperança, mas, também, analisar fatos ou fakes que estão aí para nos atingir e tentar “roubar” nosso voto e levar o país para um abismo cada vez maior.
Vote com consciência e não se omita porque depois não pode reclamar de não ter tentado o melhor para o seu próprio país e para si mesmo e sua valorosa família!
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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.














































































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