Luz - por Paulinho Freitas
SÃO GONÇALO DE AFETOS

Costumo nomear meus personagens homenageando alguém que passou por minha vida, pessoas que me inspiraram de uma forma ou de outra a melhorar como ser humano. Minha personagem de hoje eu não tive o prazer de ter sido apresentado a ela, nem seu nome eu sei, mas vou chamá-la de Luz. Ela é magrinha, com aqueles cabelos crespos que muitos e muitas querem ter mas a natureza premiou a essa lindeza de ser humano.
Foi no ensaio do GRES Unidos do Porto da Pedra que ela apareceu, sambava com maestria, graça e beleza, parecia uma entidade, ela encantou os rapazes, que não conseguiam tirar os olhos da beleza dela, encantou as outras meninas que tentavam lhe copiar os passos.
Todo seu corpo parecia Luz que irradiava alegria por onde passava com aquele sorriso de fazer qualquer monarca abaixar a cabeça em sinal de respeito. A bateria fez bossa quando ela se aproximou, as passistas abriram uma roda para que ela sambasse no meio e depois de inebriar a todos povoando os sonhos de uns e se instalando no coração de outros desapareceu como por encanto.
Pensei mesmo estar diante do sobrenatural, só acreditei que ela era real quando na saída da quadra a vi sentada num bar rodeada de amigos e amigas sorrindo muito num bate papo muito animado. Aí é que a gente vê, era festa de aniversário da escola, várias mulheres lindíssimas, musas televisivas presentes e quem mais encantou a todos foi uma menina saída de dentro da comunidade, que até então era invisível, não tendo sua presença notada por ninguém, mas “quando Deus marca é para não perder de vista”, era o dia daqueles pés escreverem seu nome no chão daquela quadra para jamais serem esquecidos e mostrar a todos nós que não existe ninguém maior do que ninguém, quando se faz com alegria, prazer e amor aquilo que se gosta o sucesso não tem outro caminho se não, acontecer.
Eu fiquei muito feliz por ela, mesmo depois de ter feito tanto sucesso não perder aquele jeitinho de adolescente sempre feliz e bonito por natureza como todo o povo do samba é.
Já em casa, lembrei dos belos momentos da festas, da emoção forte que senti com a homenagem que recebi, em rever, depois de quase dois anos aquela quadra e minha gente feliz, cantando, se abraçando, brindando à vida!
Tive que rir quando lembrei que um renomado intérprete de uma escola de samba co-irmã, quando avistou aquela fonte de luz sambando exclamou em alto e bom som: CARAMBAAAAAAA!!!!!!
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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.
