top of page

O Porto Velho me conquistou - por Cristiana Souza


Igreja Nossa Senhora das Graças/Foto; Romario Regis
Igreja Nossa Senhora das Graças/Foto; Romario Regis

Inicio essa narrativa pedindo licença ao nosso cronista Erik Bernardes, o qual se dedica primorosamente a escrever sobre as histórias dos bairros de São Gonçalo, para contar um pouco sobre a minha vivência e percepção sobre o Porto Velho.



No ano de 2010, conheci alguns amigos que moravam no PV e a partir daí comecei a frequentar de modo boêmio esse bairro. Numa certa noite conheci o morador raiz Helcio Albano, apaixonado pelo lugar e por suas histórias, sempre me narrando a sua vivência vinculada com a militância na construção de uma cidade mais justa, igualitária e fraterna.


Ao longo dos anos morei em diferentes bairros e tenho muitas lembranças de cada lugar que vivi. Nasci em São Gonçalo, mas minha infância e parte da adolescência morei em Imbariê, na Baixada Fluminense.



Desse lugar tenho lembranças marcantes da ausência de políticas públicas, onde a pobreza e violência andavam lado a lado.


Na década de 1990, retorno à minha cidade de origem para morar no Porto do Pedra, onde tive meu primeiro contato com a alegria contagiante dos ensaios da escola de samba Unidos do Porto da Pedra. Boas lembranças dessa época de ingenuidade e daquela menina que achava que sabia sambar…



Morei por um tempo em Niterói e, após a passagem do meu falecido pai, também no Colubandê, Galo Branco, Rocha e finalmente no Porto Velho (motivo dessa crônica).


No ano de 2016 teve início o meu cotidiano nesse lugar, mas diferente do ano de 2010, a vida boêmia foi pausada. Nesse período estava finalizando a graduação de Serviço Social, surtando com o trabalho de conclusão de curso e com a mudança para um bairro que até então não tinha nenhum pertencimento.



Passado um tempo comecei a observar as particularidades do bairro, bem como as pessoas que vivem e amam o Porto Velho, em particular a Travessa Lafaiete Silva.


Nessa gente daqui eu encontro vizinho comunista com uma história incrível de superação e enfrentamento ao sistema ditatorial do seu país de origem. Tem o zelador da rua que segue a filosofia hare krishna.


Tem o Depósito do Douglas e as transmissões do futebol, com o seu tradicional churrasco nos finais de semana. E o Bar do Chico, ponto de encontro regado a cerveja gelada, da conversa fiada e do carteado.


Por aqui também tem o tradicional encontro da "galera das antigas", onde ouvimos funk na pegada do "Era só mais um Silva". E ainda tenho o privilégio de ter um dos seus maiores expoentes, o Mister Mú, como vizinho. Uma rapaziada de respeito, tradição e de fino trato.


E falando em tradição, tem a festa de São João, com fogueira e animação.



No mês de novembro ouvimos o badalar dos sinos e os festejos em homenagem à Nossa Senhora das Graças.


Nos finais de semana temos uma variedade musical que perpassa o samba, gospel, sertanejo, funk e claro o rock and roll. Muitas vezes me vejo cantarolando músicas que não fazem parte da minha preferência musical e vem o riso frouxo.


Para além da minha vivência em outros lugares eu adquiri um sentimento de pertencimento e admiração pelo Porto Velho e por essas pessoas que fazem daqui um lugar único de se viver.


***

Com contribuições, claro, do Helcio Albano...

Cristiana Souza é Assistente Social.








POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page