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Tenha Fé - por Paulinho Freitas

SÃO GONÇALO DE AFETOS


Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

O nome dele eu não digo, o apelido era Mendigo e foi meu vizinho quando criança. O moleque era danado de levado, ninguém aguentava com ele. Não respeitava ninguém.


Morava com a mãe e a irmã na parte de baixo de um sobrado, a ventilação era um minúsculo basculante e as dificuldades eram muitas. 


O que Mendigo mais gostava de fazer era soltar pipas e passava a maior parte do tempo nessa ocupação. Escola? Nem pensar. 


Também gostava de ficar na praça do Instituto Clélia Nanci azarando as meninas e jogando fliperama apostando, sempre em parceria com alguém para ludibriar os mais inocentes.


Mendigo não era mole. 



Atrás daquele guri endiabrado que só vivia rindo e fazendo o hoje chamado de bullying com todo mundo, havia uma alma infeliz e revoltada com sua situação. O pai desapareceu sem deixar um adeus e a vida parecia não ter nenhum caminho que não fosse de miséria e fome. 


Numa noite de natal olhou para o céu e pediu com lágrimas nos olhos que seu destino tivesse outro rumo e ao amanhecer saiu chutando o que encontrou pela frente por acordar e ver que mais uma vez papai Noel não encontrou seu endereço. 


Passados alguns anos e já com seus dezoito anos sua mãe teve a notícia de que seu pai havia sido dado como morto e que a família receberia, além de um seguro de vida feito por ele, uma boa pensão. Tal acontecimento proporcionou a família uma casa maior, mais arejada e um carro, usado, mas de bom estado de conservação e uso.  


Muito tempo não passou e sua mãe ganhou um caminhão de prêmios num programa de televisão, além de um carro zero quilômetro. A família mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro e Mendigo era só felicidade. 


Quando tudo parecia sereno e estabilizado, a mãe de Mendigo descobre que é herdeira de um fazendeiro rico do interior do Brasil e ganhou uma fortuna de herança. 


Há quem diga que tanta sorte é fruto de caminhos errados que Mendigo trilhou e criou estas histórias para encobrir sua “vida torta.” Outros já dizem, que apesar de não ter estudos, Mendigo é um excelente investidor e fez multiplicar tudo o que a sorte deu a sua família. 


Eu, lembro daquele guri, que soltava pipas e que um dia pediu a papai Noel um futuro melhor. Até que se prove o contrário, o bom velhinho atendeu seu pedido. Até que se prove o contrário, todo mundo dorme com a esperança de ter seus desejos realizados na noite de natal. Todo mundo ainda olha para a árvore de natal pela Manhã com os olhos brilhando feito criança. Até que se prove o contrário, lá no fundo, todo mundo acredita em papai Noel.


Se não for assim, não vale a pena viver. 


FELIZ NATAL!!!!! 


Obs: Qualquer semelhança, com qualquer história de que se tenha notícia, é mera coincidência. 


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.



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