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12 de outubro – Dia de Nª Srª Aparecida, das crianças e de ... São Gonçalo!

Rui Aniceto Fernandes

Francisco Portela, Cônego Goulart e Comendador Alvarenga/Foto: Reprodução
Francisco Portela, Cônego Goulart e Comendador Alvarenga/Foto: Reprodução

Há menos de um mês a municipalidade realizou uma série de atividades celebrativas dos 133 anos da emancipação político-administrativa de São Gonçalo. A culminância foi o Desfile Cívico que tradicionalmente conta com a participação de alunos de inúmeras escolas públicas e privadas locais. Pois bem, em 22 de setembro de 1890, Francisco Portela, então presidente do Estado do Rio de Janeiro - nomeado por Deodoro da Fonseca, após o golpe militar que instaurou o regime republicano no país - assinou o decreto nº 124 que desmembrava as freguesias de São Gonçalo, Nossa Senhora da Conceição de Cordeiros e São Sebastião de Itaipú da então capital fluminense, Niterói, e criava o município de São Gonçalo. Este ato, no entanto, foi um desfecho de negociações iniciadas, ao que tudo indica, em dezembro de 1889, pouquíssimo tempo depois do 15 de novembro.


Em dezembro de 1889, Portela compareceu às celebrações na Igreja Matriz de São Gonçalo e pernoitou na casa do Cônego João Ferreira Goulart. Acredito que tenha sido neste momento que se começou a articular a emancipação política do município. O presidente do estado retornou à Matriz em janeiro de 1890, e, nos meses seguintes participou de eventos e reuniões com lideranças políticas e econômicas locais. Portela buscava constituir uma base que lhe desse sustentação política no estado e, com isso, usava as mais diversas estratégias para obtenção do apoio necessário. No caso de São Gonçalo, há uma série de nomeações para cargos públicos e autorizações para obras em algumas localidades atendendo o interesse de fazendeiros e empresários locais. A criação de São Gonçalo foi acompanhada da municipalização de vários outros locais do Estado do Rio de Janeiro: Teresópolis, São Pedro da Aldeia, Barra do Piraí etc.



E onde entra o 12 de outubro nessa história? Foi a data escolhida para a instalação do município. Os vinte dias que se seguiram ao decreto de 22/09 foram de articulações para a escolha dos membros que comporiam o Conselho de Intendência Municipal – primeiro órgão legislativo da cidade – e seu presidente, o Comendador Alvarenga. Vinte dias não seria muito tempo para isso? O 12 de outubro, naquele momento ainda não era o feriado dedicado à padroeira do Brasil e nem Nossa Senhora Aparecida ainda havia sido declarada padroeira do país, o que só ocorreu em 1930, por decreto de Pio XI. Também não era dia das crianças, que só foi instituído em 1924.


O 12 de outubro era o aniversário de nascimento do cônego João Ferreira Goulart! De tradicional família gonçalense, nasceu na Fazenda de Nossa Senhora da Luz em 12 de outubro de 1844. Se tornou padre e foi nomeado para a paróquia de São Gonçalo em 1870 permanecendo até seu falecimento em 11 de março de 1903. Liderança política local desde os tempos do Império, exerceu mandatos de senador estadual, deputado estadual e vereador após a instauração do regime republicano. E depois dizem que “santo de casa não faz milagres”!


Para saber mais vejam a palestra que proferi para os paroquianos da Igreja Matriz, antes da missa alusiva ao aniversário da emancipação política da cidade:



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Rui Aniceto Fernandes é professor de História do Departamento de Ciências Humanas (DCH) da Faculdade de Formação de Professores (FFP-UERJ).



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