"Eu cortaria algumas secretarias". Entrevistamos o vereador Lecinho
Na série de entrevistas que o Jornal Daki está realizando com os vereadores eleitos no pleito de 2012 em São Gonçalo, nossa equipe entrevistou o vereador reeleito e segundo mais votado do município, Alecio Breda Dias, o Lecinho, de 46 anos.
Nascido em 1969, em Sambaetiba, Itaboraí – RJ, Lecinho cresceu em Guaxindiba bairro humilde de São Gonçalo onde morou durante vinte e cinco anos. Ingressou na política em 1988 apoiando vários candidatos a deputados estaduais, mas somente em 2000 resolveu se candidatar a vereador pela coligação PPS - PSDB. Tentou se eleger também nos anos de 2004 e 2008 e nas três eleições ficou como primeiro suplente. Em 2012, Lecinho se elegeu pelo PMDB com 6.170 votos, sendo o segundo vereador mais votado no município de São Gonçalo.
Hoje o parlamentar integra a base de apoio ao governo como líder, substiuindo o vereador Gevú.
A entrevista foi dividida em duas partes. Nessa 1ª parte o vereador fala sobre a merenda escolar, sobre atual gestão da prefeitura e a situação da saúde.
Jornal Daki: Como o senhor vê hoje o executivo da nossa cidade?
Vereador Lecinho: Se a gente comparar com toda dificuldade que vive o país hoje, que vivem os Estados, como por exemplo do Rio Grande do Sul parcelando o funcionalismo público há dois meses atrás, acho que o prefeito avançou muito e continua avançando. As dificuldades são muito grandes e São Gonçalo é um município muito grande, é uma cidade com noventa e três bairros e com muitas dificuldades. Pegamos o município com R$ 160 milhões de dívidas do governo passado, incluindo dívidas com o INSS, pagando todas essas dívidas é normal não conseguir fazer tudo que o executivo deseja.
Jornal Daki: Em 2013 o senhor elogiou a qualidade da merenda escolar do município. Hoje a falta da merenda nas escolas tem sido escândalo nos jornais do Rio e do Brasil, qual análise o senhor faz quanto a merenda escolar depois de passado quase 3 anos de mandato?
Vereador Lecinho: A própria Rede Record mostrou em passado bem recente que em todas as escolas tem merenda e eu considero a merenda de boa qualidade. Eu estive na escola de Guaxindiba, onde eu já almocei 3 ou 4 vezes e na Escola Municipal Pastor José Augusto Grassini, no Jardim Bom Retiro e sinceramente não há merenda de má qualidade.
Jornal Daki: Vereador, tivemos em 2013 uma mudança significativa quando o executivo centraliza a distribuição da merenda através da empresa Home Bread Indústria e Comércio Ltda, isso mudou a cultura alimentar e econômica no entorno das escolas, antes a verba era direcionada diretamente para escolas e era o(a) diretor (a) e comissão de merenda formada nas escolas que faziam o cardápio (baseado em uma exigência nutricional) ela mesma comprava o que precisava no comércio local.
Segundo informações de alguns vereadores, através de contrato assinado no último ano da administração passada, esses repasses chegavam a R$ 8 milhões. Em 2013 a política de distribuição de merenda muda, terceirizando para a empresa privada, que cobrou em contrato R$ 22 milhões para fazer o serviço, sendo que dentro do contrato havia previsto um maquinário para equipar as unidades escolares e pagamentos das merendeiras e demais funcionários.
Durante os anos de 2013, 2014 e em 2015, atingindo o ápice da crise da merenda escolar, onde inclusive o ex-secretário de Educação, Cláudio Mendonça foi exonerado, vimos uma série de problemas com a empresa Home Bread.
Foi um “acerto” a mudança que o governo implantou de centralizar a merenda na mão de uma única empresa privada?
Vereador Lecinho: Não acredito nisso, o prefeito tem uma boa índole, é uma pessoa de caráter. Você falou em R$ 22 milhões, nunca foi pago esse valor a empresa Home Bread. Temos todas as planilhas com valores pagos, o valor do contrato é esse, porém o contrato diz que pode chegar até R$ 22 milhões, não significa que foi pago esse valor.
Repito que acho a merenda de boa qualidade, quando a merenda era comprada por diretores, existiam escolas que em um dia era macarrão com salsicha, no outro dia salsicha com macarrão.
Hoje temos frutas, café com leite, biscoitos, almoço, a carne é de boa qualidade. Já tivemos problemas, mas hoje posso te afirmar que o aluno tem o almoço dele.
Para mim, o ex-secretário de Educação, Cláudio Mendonça foi demitido por incompetência dele, não por problemas na merenda, o prefeito pode ter demitido ele, pela arrogância dele de não atender as pessoas, por não querer atender os vereadores e outros secretários.
Jornal Daki: Mas o senhor não acha que a questão da merenda escolar não foi ápice para a demissão do Mendonça?
Vereador Lecinho: Pelo que eu sei o Cláudio Mendonça foi pouquíssimas vezes nos departamentos da Home Bread, hoje as coisas estão andando muito mais com a atual secretária Vanelli do que com ele.
Jornal Daki: Há reclamações de que a Home Bread não está contratando merendeiras como esta previsto em contrato, isso é verdade?
Vereador Lecinho: Isso não procede. Hoje a Home Bread tem média de 170 merendeiras trabalhando. No meu entendimento a questão da merenda escolar é assunto resolvido. A oposição sempre vai dizer que está ruim, só que a oposição não vê aquilo que o governo faz de bom.
Jornal Daki: Como o senhor avalia hoje o secretariado do governo?
Vereador Lecinho: No governo e na nossa vida temos bons profissionais e os maus profissionais. O governo tem o secretariado que ele achou que é o melhor pra ele e eu tenho que respeitar isso. Se ele (Prefeito Neilton Nulim) colocou o secretário lá é porque o acha competente. Posso discordar, claro que posso, mas se eu fosse o prefeito com certeza teria mexido em algumas “cabeças”. Eu cortaria algumas secretarias, mas só ele pode dizer quem é melhor pra ele.
Jornal Daki: Cite um projeto apresentado pelo senhor que foi aprovado?
Vereador Lecinho: No meu mandato passado existia uma lei que tornava obrigatório todos os bancos terem banheiros e bebedouros, foi uma lei que fiz ser cumprida e hoje 90% dos bancos da cidade tem banheiros e bebedouros, isso me orgulha muito. Temos no atual mandato um projeto para construção da primeira veterinária municipal de São Gonçalo, estamos buscando recursos.
Jornal Daki: Em 2010 o governo federal disponibilizou para prefeitura de São Gonçalo R$ 88 milhões para realizar obras em Alcântara, porém a verba voltou para Brasília pela falta de projetos na prefeitura. O senhor concorda que é um problema gravíssimo o executivo ainda não ter nenhum tipo de iniciativa de criar núcleos técnicos para captar e usar a verba em saúde, obras, educação e transporte?
Vereador Lecinho: Não só aqui como em todas as prefeituras, em Brasília existe verba, o que falta, são projetos concretos.
Jornal Daki: E por que na prefeitura de São Gonçalo não existem projetos?
Vereador Lecinho: Eu diria que é uma falha. Não de agora, mas lá detrás (se referindo aos governos passados). Acho que deveriam ser feitos concursos técnicos, talvez a faixa salarial não seja atraente.
Jornal Daki: Certa ocasião em outro meio de comunicação, o senhor criticou duramente os agentes comunitários de saúde.
Vereador Lecinho: Critiquei e ainda critico. Bato palmas para os agentes de saúde que trabalham, os que não trabalham, vou criticar sempre. Existem relatos de pessoas que agentes da saúde nunca passaram em suas casas.
Jornal Daki: Mas o senhor acredita na política dos PSF (Programa Saúde da Família)? Essa é a melhor política de saúde para nossa cidade?
Vereador Lecinho: Acredito. Acho que a saúde tem que ter total atenção, mas a atenção no atendimento básico é fundamental. A atenção no atendimento dentro das UBS (Unidade Básica de Saúde).
Jornal Daki: O que o senhor acha do Secretário de Saúde Dimas de Paiva Gadelha Junior?
Vereador Lecinho: Dimas é um dos melhores secretários de saúde que já conheci nessa cidade até hoje. Novo, boa cabeça, mentalidade aberta. Não menosprezando ninguém que já tenha passado como secretário de saúde do governo Neilton Mulin, hoje eu diria que é a melhor “pasta do governo”. Nos últimos doze anos foi o prefeito que mais fez pela saúde, só que as pessoas não têm conhecimento disso.
Jornal Daki: Mas não seria uma coincidência já que o município nunca recebeu tantos recursos do Governo Federal?
Vereador Lecinho: Eu não acredito nisso, até porque o Dimas tem feito acontecer.
Hoje nós temos mais de sessenta consultórios dentários móveis que entregamos para a população, o centro de esterilização do hospital Luiz Palmier é coisa de primeiro mundo, a nossa mortalidade neonatal é praticamente zero, tivemos um aumento de 120 partos por mês para 300 partos por mês. Fizemos a descentralização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), em 2012 praticamente não se realizavam cirurgias no município, de 2013 em diante, já realizamos quase 3 mil cirurgias.
Jornal Daki: Quais são os maiores problemas que o município de São Gonçalo enfrenta?
Vereador Lecinho: Hoje um dos nossos maiores problemas é a falta de recursos.
Por exemplo, nossa coleta de lixo custa por ano R$ 54 milhões, nós recebemos somente R$ 17 milhões é preciso arrecadar impostos para ter recurso.
Jornal Daki: Quanto aos protestos dos professores por reajuste salarial?
Vereador Lecinho: Respeito todos os professores. Se eu sei ler e escrever, e a educação que tenho hoje agradeço aos meus professores. No governo passado em 8 anos os professores tiveram 15,9% de aumento e no atual governo já passou de 30% de aumento.
Jornal Daki: Mas vereador, ainda não existia a política do piso nacional...
Vereador Lecinho: Nós (vereadores) e o prefeito entendemos que o profissional da educação ele deveria ser tão valorizado quanto um médico, porque o médico só aprendeu a ser médico com o professor. Com certeza precisa ser mais valorizado, porém hoje o município não dispõe de tantos recursos para fazer tal coisa.
Continua...
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