Do ovo ao teatro superfaturado
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Governos corruptos superfaturam aquisições parciais de uma grande obra em conluio com a construtora, emissora das notas fiscais. Pagam pelo cimento um valor acima do cobrado pelo mercado, distribuem entre os safados a diferença mas mantêm o valor justo da areia para disfarçar, não pegam tão pesado. Um governo que durante anos não licita a coleta de lixo, superfatura livros infantis, merenda escolar e a construção inteira de um teatro não é só corrupto. O governo Mulim, em São Gonçalo, é essencialmente maligno, um governo de ódio descarado contra aquilo que torna o povo gonçalense único, sua arte e juventude.
Há crianças na rede municipal de ensino que frequentemente contam apenas com a refeição servida na escola, quando é servida. Explorando a pobreza delas os bandidos daqui lucram, comprando a dúzia de ovos da merenda a R$ 10. Ensino de qualidade o governo Mulim é incapaz de oferecer, mas sabe como importar ovos caipiras de Marte. Pior do que um ataque aos cofres públicos, o desprezo pela Educação forma os camelôs que sustentarão o cafezinho da Secretaria de Posturas nas próximas décadas.
Superfaturar a arte é tão ultrajante quanto a comida. A Fundação Cesgranrio inaugurou um teatro no Rio de Janeiro, construído a partir de um auditório para 90 pessoas, que custou R$ 2 milhões. A construção da Policlínica no Vila Três, prédio alto e largo com pelo menos 3 pavimentos e ocupando o espaço todo do antigo campo de futebol, custou R$ 4,8 milhões. O primeiro teatro municipal gonçalense, com espaço para 269 pessoas, custará incríveis R$ 13,6 milhões. No Teatro Cesgranrio cabem 300 pessoas. Os compradores de ovos marcianos enriquecem com o sonho do povo de assistir a um espetáculo com dignidade, sem medo do teto cair sobre a cabeça, sem as dores no corpo provocadas pelas cadeiras do humilde Anexo Carequinha. Deturpando sonhos, é assim que os grandes criminosos agem.
“O cara superfatura do ovo ao teatro”, disse Renato Aroeira, famoso cartunista, sobre o governo Mulim. Governo que não para de emitir decretos para aumentar as verbas de gabinete do prefeito. Milhares de reais para comprar grampos e tirar cópias do Diário Oficial. A arte de roubar está em exibição permanente na Prefeitura de São Gonçalo.
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Mário Lima Jr. é analista social
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