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A lógica neoliberal triunfou entre o gonçalense médio

Por Helcio Albano

Ponto Zero da cidade/Foto: Helcio Albano
Ponto Zero da cidade/Foto: Helcio Albano

Sabe aquela máxima bozolóide-fascista que afirma ser a liberdade mais importante que a vida? Pois bem, essa panaceia caiu como luva ao projeto neoliberal que, lamento dizer, não precisa mais se impor pra prevalecer nas relações entre capital e trabalho. Aqui em São Gonçalo, pelo menos, a ideologia neoliberal individualista venceu e agora é reproduzida alegremente pelo gonçalense médio como valor em si de transformação da vida.


E quem é esse gonçalense médio? Preto ou pardo, pobre, jovem+ com e sem experiência no mercado de trabalho, evangélico, escolaridade aos solavancos e hiperconectado em grupos de WhatsApp, onde compartilham com amigos assuntos de seu interesse. Em sua maioria coincidentes com as pautas da direita ou extrema-direita, que logrou sucesso em fazer o sujeito acreditar piamente que é um 'made-self man' que faz de si próprio uma oportunidade ambulante.



Dia desses fiz uma viagem com um homem negro, com seus 40 e tantos anos, ex-motorista de ônibus, que disse ser contra obrigar a Uber pagar direitos trabalhistas porque a empresa sairia do Brasil. E que também não queria trabalhar pela CLT para preservar sua "liberdade" em fazer horários.


Essa visão bate com os resultados da pesquisa nacional Datafolha divulgada na semana passada sobre o tema e convenceu Lula a pisar no freio da regulamentação da modalidade de trabalho via aplicativo. O buraco é bem mais embaixo.


Então lembrei da tal máxima, que poderia ser assim adaptada: a liberdade é mais importante que direitos trabalhistas.


Plus

Sobre a Coluninha alguém poderia perguntar: "Ô, doidão, de onde tu tirou isso?'


Não, não foi do orifício meridional. De andanças, observações, que usei em um exemplo para ilustrar a percepção geral que tenho sobre o espírito do tempo que anima as pessoas a viver e correr atrás nessa labuta cotidiana.


Se antes a ideologia do trabalhismo, da carteira assinada nos movia e era um valor em si, hoje isso é bem diferente. E nem mais as pessoas se enxergam como trabalhadores, mas sim como "colaboradores" transitórios de algum empreendimento que sonham em ter o mais breve possível.


Bônus

Anos de precarização do trabalho como projeto imposto ao Brasil pelo ultraliberalismo - que pra se consolidar até golpe de estado reve que dar - explica uma espécie de cansaço com o velho modelo CLT. Até por que não tinha pra onde ir. Ou era se virar ou se virar e aceitar as novas regras do jogo.


Bônus-Track

E aqui, cabe também observarmos até que ponto o neoliberalismo atuou para operar a teologia da prosperidade nessas novas relações econômicas e de trabalho.


São Gonçalo tem 60% de sua população evangélica, sua grande maioria pentecostal e neopentecostal que tem na teologia da prosperidade sua doutrina principal.


Taí uma boa pauta de investigação.


***

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.



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