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Basta de violência contra trabalhadores de aplicativos: O que a educação tem a ver com isso?

Por Graciane Volotão



Foto: Cristiana Souza
Foto: Cristiana Souza

Recebi notícias sobre o caso que ocorreu envolvendo um motoboy, mais especificamente, a um entregador de comida rápida no condomínio Parque das Águas em Alcântara – São Gonçalo. Houve protestos de vários entregadores próximos ao condomínio que não vimos noticiado. São trabalhadores invisibilizados até mesmo quando protestam em frente a um grande condomínio.


O subemprego é uma alternativa para os jovens, maioria homens e jovens negros, que tem baixa formação e estão desempregados. Para alguns, complementam rendas de outros subempregos como serviços gerais, borracheiros e ajudantes de pedreiros, por exemplo.


Para muitos, uma oportunidade de ganhar um trocado para sobreviver e ter flexibilidade de horários.


Para esses trabalhadores, não existe expectativa de crescimento profissional, não há direitos trabalhistas como fundo de garantia, auxílio-desemprego, férias, décimo terceiro e nem mesmo previsão de aposentadoria. A falta de qualificação é um grande fator para aceitar tal condição, todavia, nosso país é marcado pela escravidão e isso traz consequência grave em nossas relações com as pessoas que servem as outras. Qualquer trabalho é uma forma de serviço ao outro, mas alguns são valorizados e outros não.



O que faz com que um trabalhador e uma trabalhadora tenham mais valor que outro/a é a forma com que é raro, distinto, segundo Bourdieu. Agora o que faz um trabalhador humilhar ou agredir outro no exercício da sua função é, em minha humilde visão, falta de educação.


Ao falar em educação trato em duas perspectivas. A primeira é ligada a preparação das pessoas para o mundo do trabalho, a fim de qualificar, educar para não aceitarem serem escravos de ninguém, saberem seus direitos e deveres e para a redução do desemprego.


Nesta perspectiva, o Brasil precisa avançar nas condições de infraestrutura das escolas, currículo, formação de professores, além de acesso e permanência dos jovens nas escolas.


Precisamos lutar contra a reforma do Ensino Médio, feita pelos (des) governos passados.


Melhorar nossa educação é meta a ser perseguida e foi pactuada com organismos internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que faz um estudo comparativo entre países por meio da avaliação em larga escala do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa).


Diga de passagem que os resultados dos estudantes de 15 anos avaliados pelo Pisa no Brasil, não trouxeram novidades e nenhuma notícia boa. Permanecemos mal nessas avaliações. Se não houver investimentos na educação, dificilmente avançaremos para a melhoria da qualidade da educação.


Por outra perspectiva, trato da educação humanizada, em que as pessoas, independente da sua origem ou classe social, se perceba como ser humano, se colocando no lugar dos outros.


O que faz um homem operário, que vive em condomínio se achar melhor do que o outro que vive na mesma cidade que ele e que leva para a sua porta a comida pedida por meio de um aplicativo, vendida e preparada por outros trabalhadores, como ele?


Até quando, vamos aceitar que situações desumanas sejam praticadas contra nós?


“Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões" (Marx)


E para você não dizer que esqueci de falar sobre o natal, desejo para você e sua família, o Renascimento.


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Graciane Volotão é Pedagoga, professora supervisora educacional, servidora pública e doutoranda em educação na UFF e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna “Daki da Educação”, publicada às sextas.


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