Governo Nelson Ruas expulsa 'indesejáveis' de viaduto no Alcântara
- Jornal Daki
- 14 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Prefeitura afirmou que foi apenas uma intervenção de paisagismo
Por Cláudio Figueiras

Quem passa ao lado do viaduto do Alcântara, na RJ 104, se depara com a mais nova estratégia de “limpeza” e embelezamento urbanos adotada pelo governo Nelson Ruas (PL): instalar pinos pontiagudos de pedra para expulsar os indesejáveis em situação de rua que “habitam” no espaço.
A atitude extrema da Prefeitura, conhecida como “arquitetura hostil”, ocorre após a Secretaria de Urbanismo realizar uma série de intervenções de paisagismo na região, que incluiu remodelamento das ruas Yolanda Saad Abuzaid e Raul Veiga, além da instalação de plantas ornamentais e de transformação de um trecho do viaduto num grande painel de arte grafite.
A Arquitetura hostil é um conceito que define elementos urbanos criados para segregar indivíduos, especialmente pessoas em situação de rua. Bancos com divisórias, pedras colocadas sob viadutos e estacas de ferro na fachada de estabelecimentos são alguns exemplos.
Em São Paulo, cidade símbolo da segregação urbana contra pessoas em situação de rua, o padre Júlio Lancellotti chegou a se rebelar contra a iniciativa da prefeitura de lá e, com marreta em punhos, quebrou as pedras colocadas debaixo de um viaduto no Centro da capital.
“Colocaram deliberadamente, de forma agressiva, contra os moradores de rua e os que trabalham com suas carroças na região”, afirmou o coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo à época, em fevereiro de 2021.
Aqui, gonçalenses têm reagido nas redes sociais com indignação à ação da Secretaria de Urbanismo:
“Essas pedras servem de troféus para a incompetência do governo de resolver o problema das pessoas desabrigadas. Os diplomados em ganância e analfabetos no amor, só podem resolver algo tão complexo desta forma”, observou Francisco Freire num post de Mário Lima Jr. no Facebook sobre o assunto, criticando a Prefeitura.
Outras pessoas fizeram comentários no post com mesmo sentido, destacando a desumanidade da medida, como:
“Igual ao que fizeram em São Paulo. É desumano e vergonhoso!!!”
Ou referindo à arquitetura hostil em si:
“Prédios não tem mais marquises... Bancos de praça tem ferros... é o ser humano afastando o ser humano.”
A Prefeitura informou, através de sua assessoria de comunicação, que a intervenção no viaduto teve caráter paisagístico. E a decisão de colocar as pedras no viaduto se deu devido à impossibilidade de colocar plantas no local, que é “íngreme e úmido”, desconhecendo, portanto, que houvesse gente habitando aquele espaço.
Ajude a fortalecer nosso jornalismo independente contribuindo com a campanha 'Sou Daki e Apoio' de financiamento coletivo do Jornal Daki. Clique AQUI e contribua.

Comentários