O anjo Miguel, por Rafael Abreu
- Jornal Daki

- 9 de jun. de 2020
- 3 min de leitura

Na Epístola de Judas, Miguel é citado especificamente como arcanjo. Um arcanjo é um anjo pertencente a uma ordem superior, um espírito celeste que atua como mensageiro em missões especiais.
O arcanjo Miguel, era percebido como um anjo de cura e com o passar do tempo, como protetor e líder do exército de Deus contra as forças do mal.
Este arcanjo é representado vestido com roupas de guerreiro, segurando uma espada, uma lança ou um escudo que simbolizam a defesa do povo de Deus.
Em outra versão, Miguel, além do símbolo da defesa, segura uma balança, que representa a balança da justiça divina. Em ambas as versões o arcanjo esmaga a cabeça do demônio com seu calcanhar.
Eu sempre me interessei muito sobre as história dos anjos e confesso que aprecio mais a versão do arcanjo Miguel, com a representação da balança, que simboliza a justiça.
E em tempos de desigualdade, descaso, desrespeito e discriminação afloradas. A única coisa que pedimos além de proteção é que a justiça seja feita, seja ela racial, social ou divinal.
Precisamos nos segurar e acreditar em algo, que exista algo superior a isso tudo, que dará um basta em todas essas injustiças que assistimos diariamente em nossos telejornais.
Ficamos assistindo a tudo, como mero telespectadores de uma realidade vil, suja e cruel.
Na última semana, relatamos um acontecimento que chocou os EUA e que se espalhou pelo mundo, com uma onda de protestos sobre igualdade racial e justiça.
A morte de Geoge Floyd, um homem negro de 46 anos, asfixiado covardemente por um policial branco, gerou muita revolta na população e desencadeou um Efeito Colateral a esse sistema.
Na semana anterior aqui no Brasil, em São Gonçalo RJ, o jovem negro João Pedro de apenas 14 anos, foi fuzilado e morto dentro de sua própria casa, pela polícia, no complexo do Salgueiro. Quem deveria dar a proteção, invade a favela de fuzil na mão, para matar os nossos filhos dentro de casa.
Aqui no Brasil a violência e as injustiças, foram banalizadas e se tornaram corriqueiras.
Parece que o nosso povo se acostumou a conviver com tudo isso. O cheiro da ralo já não incomoda mais a nossa sociedade hipócrita, preconceituosa e polarizada.
Na última terça feira, uma criança negra de apenas 5 anos, morreu após cair do 9º andar de um prédio de luxo no Condomínio Píer Maurício de Nassau, que integra o conjunto conhecido como Torres Gêmeas, na região central do Recife-PE.
O menino Miguel Otávio Santana da Silva, de apenas 5 anos, era filho da empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza.
O garoto tinha acompanhado a mãe, ao trabalho no apartamento dos patrões, já que as creches no Recife estão fechadas por conta da pandemia de covid-19.
Mirtes teve de descer para passear com o cachorro da patroa e deixou o filho dentro do apartamento, aos cuidados da sua patroa, Sarí Corte Real, que estava fazendo as unhas com a manicure. O menino começou a chorar querendo a sua mãe e entrou no elevador do prédio, no 5º andar, para buscar a mãe.
As Imagens do circuito de câmeras de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram o momento em que a patroa fala com o menino no elevador e aperta um dos botões.
O menino foi parar no 9º andar, escalou as grades do ar condicionado e caiu.
O menino ainda foi socorrido com vida, mas veio a falecer.
A patroa foi presa, mas foi liberada em seguida após pagar uma fiança no valor de R$20 mil reais.
Vinte mil reais foi o valor pago pela vida de Miguel.
Sarí é primeira-dama de Tamandaré. Mirtes constava como servidora pública do município, mesmo sem nunca ter sido.
O Ministério Público instaurou um inquérito na última sexta-feira para investigar a irregularidade .
A morte do anjo Miguel, gerou uma mistura de tristeza, indignação e revolta nas redes sociais.
Nas ruas alguns movimentos protestaram e lamentaram a morte do garoto.
Se fosse ao contrário, eu garanto que a empregada doméstica estaria atrás das grades e condenada há 40 anos de prisão no mínimo.
Esperamos que o arcanjo Miguel, lute contra essas forças do mal e faça com que a justiça seja feita, a dos homens e a de Deus.
Eu sou Rafael Abreu, colunista Daki.

Rafael Abreu escreve toda as semanas para o Jornal Daki.
















































































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