Desativei minha conta no Twitter e explico o porquê

Helcio Albano

Apesar do ambiente hostil e deveras sorumbático, considerava o Twitter a melhor rede-ferramenta pra que nós, jornalistas, pudéssemos colher dali, entre o chorume, notícias em primeira mão do que seriam as tendências do dia. Mas não dá mais.

Desativei a minha conta pessoal (que era mais pra seguir que ser seguido) e decidimos manter apenas os perfis de trabalho e divulgação do Jornal Daki e da editora Apologia Brasil, responsável pela publicação.

Vamos lá, meus motivos. O bilionário Elon Musk comprou o Twitter e basicamente fez duas coisas: abraçou com força as pautas da extrema-direita e monetizou o alcance das postagens. Quem tem relevância agora é quem paga. Sempre foi mais ou menos assim, mas Musk radicalizou e implantou em sua rede os valores e a visão de mundo que o movem: dinheiro, dinheiro, dinheiro.

E dane-se se o que traz dinheiro são postagens de extremistas e assassinos que comprovadamente garantem maior engajamento na rede. Aí surge um problema ético muito maior que o mal-estar que causa os textões que implodem o conceito do microblog de 260 caracteres.

Em reunião realizada ontem no Ministério da Justiça pra discutir os ataques a escolas e o papel das redes sociais no tema, uma funcionária do Musk, arrogante como o patrão, disse não ver problema num post de exaltação a assassinos de crianças publicado num perfil do Twitter.

O ministro Flávio Dino respondeu indignado à afronta e reafirmou que "não existe liberdade de expressão pra quem quer matar crianças".

Acho que dá pra fazer mais que um comentário indignado.

Plus

E, Musk, "For You" de cool é trolha!

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.