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Um passeio pela APA Estâncias de Pendotiba - por Sammis Reachers


Reprodução vídeo
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Dia desses fui conhecer a APA Estâncias de Pendotiba, uma das quatro áreas de preservação ambiental de nosso município.


Uma APA (Área de Proteção Ambiental) é uma das dez modalidades de unidades de conservação previstas pela legislação brasileira. Tecnicamente, uma APA é uma extensa área natural, com um certo nível de ocupação humana, que garante a proteção e conservação de atributos bióticos, abióticos, estéticos ou culturais importantes para a qualidade de vida da população. A ideia é unir conservação com uso sustentável do meio.


Morador de Tribobó, próximo à rua Dalva Raposo, que liga o bairro dos três bobos à Maria Paula, de certa forma cresci naquela área. Cresci não, que era área interditada: Local antigo de desova de cadáveres, ponto de encontro de grupos de extermínio que pululavam nos anos oitenta neste lado da Região Metropolitana do RJ. A área onde hoje está a APA, e igualmente seus entornos, seria na verdade um enorme condomínio – e isso ainda nas transições entre a década de 1970 e 1980 – e recebeu mesmo toda a infraestrutura necessária, com esgotamento, asfalto, até fiação elétrica. O megaempreendimento minguou antes do primeiro morador (não me pergunte o que houve, isso é trabalho para o Erick Bernardes), e a vasta área permaneceu abandonada. A união daqueles bolsões de Mata Atlântica acessíveis por boas estradas de asfalto, desertas, foi terreno propício para, como já narrei, a execução de pessoas e a desova de já executados.


Assim, minhas incursões por lá, temerárias, cabreiras, eram raras, esporádicas.

Águas passadas. Hoje o cenário mudou. Se o trecho compreendido na APA está em verde pleno e recebendo plantio de novas mudas, o que era “mato puro” em minha infância e adolescência, as ruas próximas à APA, estão hoje ocupadas por belas casas e condomínios. O espaço todo foi ressignificado – e como que reviveu, sendo agora uma ágora de celebração à vida. Por sinal, a iniciativa da APA é fruto de colaboração entre o poder público e uma empreiteira que tem realizado empreendimentos imobiliários próximos à área de preservação.



A área da APA, belíssima e que conta com boa sinalização, oferece três rotas de caminhada, de maior ou menor dificuldade, conforme a disposição do cidadão. Um bebedouro com água gelada garante a hidratação dos andarilhos. Além de instalações da sede e espaço de exposições, mobiliários urbanos na forma de brinquedos infantis fazem a alegria dos mirins.

De seus pontos altos, meio que mirantes, é possível avistar os bairros do entorno, começando por Tribobó de um lado, passando para Arsenal, Jockey e Anaia; alongando a vista vislumbramos Alcântara e bairros vizinhos. Doutro lado, Campo Novo, Maria Paula e parte de Pendotiba se abrem à vista.


Durante todos os últimos domingos do mês, acontece na APA a Feira da Estância. Comidas variadas, roupas, artesanato e muito mais são ofertados, e tudo isso regado à boa música. A feirinha surgiu ainda em tempos de pandemia, e caiu no gosto popular.

Uma minha amiga e companheira de docência geográfica, Helena, vizinha da APA, já se acostumou a reunir amigos e parentes nos dias de feira, para confraternizar. “Todos os que eu convido acabam adorando o lugar”, diz a frequentadora assídua.


Também rola em terras da APA um “esporte” que eu e meus amigos praticávamos por lá mesmo, mas nos tempos de “Velho Oeste”: Descidas em carrinho de rolimã. Sim, uma equipe de aficionados dos “carrinhos de bilha”, como também chamávamos, realiza eventos, e disponibiliza graciosamente os veículos para quem quiser arriscar uma descida.


Para além de espaço de lazer a ser (re)conhecido e apossado pelo gonçalense, a APA presta um serviço ainda mais fundamental, pois a mesma é área de readaptação e soltura animais da fauna nativa, iniciativa fundamental para preservar espécies do bioma brasileiro que mais foi devastado ao longo da história, a nossa Mata Atlântica.


A Área de Proteção Ambiental Estâncias de Pendotiba fica na Rua Rigel Pacca Corrêa, s/n, em Maria Paula.


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Sammis Reachers é poeta, escritor e editor, autor de dez livros de poesia e três de contos e crônicas, organizador de mais de cinquenta antologias e professor de Geografia no tempo que lhe resta – ou vice-versa. Publicou recentemente primeiro romance, o thriller de ação A Ordem Luterana da Cruz Combatente (Disponível na Amazon).




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