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O pé de tomate, por Fábio Rodrigo


Família inteira reunida para comemorar o aniversário de Teodora. Era uma simples reunião em seu próprio apartamento, localizado no décimo andar de um prédio em frente à praia do Leblon. Quando cheguei, estavam todos na sala de estar: seus pais, tios, primos, nossos amigos da faculdade.


Dei boa noite a todos e fui logo entregando meu presente: um pé de tomate. Havia comprado em uma loja de plantas próximo à minha casa. Tinha mais ou menos um metro de altura e já tinha cinco tomates verdes. O vendedor que me atendeu sabia que era presente, por isso fez um embrulho próprio para aniversário e amarrou com um lindo laço vermelho.


Como conheço Teodora há tão pouco tempo, não sei ao certo o que ela gostaria de ganhar de presente. Pensei em fugir do convencional. Caixa de bombom, flores... nem pensar!!! Resolvi fazer algo diferente. Por que não dar um pé de tomate? Não há nada de errado cultivar uma hortaliça em sua própria casa. Seria esta a receita para comer alimentos livres de agrotóxicos. Pois é... levei o pé de tomate. E dei o presente a Teodora. Ela agradeceu. Fez uma cara de quem não sabia o que dizer. Afinal, nunca iria imaginar ganhar um presente como esse. Percebi que os convidados me olharam com desconfiança. Senti que era o momento para justificar a escolha do presente. Mas ninguém demonstrou interesse em ouvir. Nem Teodora. Que imediatamente foi levar o pé de tomate para um local distante dos demais presentes.


Ao voltar, pediu que todos fossem para a mesa, pois o jantar seria servido. Percebi então que não haveria a menor possibilidade de tocarmos no assunto pé de tomate.


Fábio Rodrigo Gomes da Costa é professor e mestre em Estudos Linguísticos.


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