Observações

SÃO GONÇALO DE AFETOS

Por Paulinho Freitas 

Foto: Reprodução

A Praça Estefânia de Carvalho, no centro de São Gonçalo, mais conhecida como Praça do Zé Garoto, é um local onde as crianças são levadas para brincar nos balanços e escorregas, andarem com seus velocípedes e bicicletas. Onde fotógrafos procuram as melhores locações para eternizarem o primeiro dia, do resto da vida (?) de casais recém casados, onde poetas se inspiram e buscam palavras para expressar com beleza seus íntimos sentimentos.

De minha parte, costumo sentar ali para observar o ir e vir das pessoas, procurar descobrir que sentimentos as movimenta, às vezes até me esconder de mim mesmo, camuflando-me entre personagens que viu criando aleatoriamente. Desta vez flagrei um movimento que, acredito, seja uma constante, mas com este final, duvido. 

Sentei-me num banco defronte a rua dr. March. Num banco à minha frente uma mulher mexia no celular. Num banco ao lado do dela um rapaz a observa, pensei numa paquera, um início de romance, uma nova história de amor. Mas, rapidamente vi que estava enganado.

O rapaz levantou-se, caminhou até onde estava a moça e num rápido movimento arrancou-lhe o celular das mãos e saiu correndo. Seria mais um caso de roubo de celular e mais uma pessoa chorando a perda de todos os seus contatos, contas de banco, senhas etc. Só que do outro lado da rua um guarda municipal observava toda a cena e quando o gatuno correu, foi rapidamente alcançando pelo agente, que orgulhoso trazia o meliante algemado, cercado de curiosos.

A moça veio chorando, recebeu o celular de volta e saiu apressada sem querer prestar queixa. Sem vítima, sem crime, o meliante foi solto, para desespero e revolta dos que ali estavam, já o querendo linchar. O rapaz saiu correndo. Naquela confusão toda surge um outro agente que tinha ido a um caixa eletrônico nas proximidades e esqueceu seu celular novinho em cima da máquina. Quando voltou lá não o encontrou mais.

Todos se entreolharam e começaram a procurar a moça do celular que a essa altura já estava em local incerto e não sabido, tentando desbloquear o celular encontrado em cima de um certo caixa eletrônico. 

Ah meu São Gonçalo! Protegei os filhos de sua terra! 

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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor