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Escuridão, lama e esgoto no bairro das Palmeiras



Foto: Fábio Oliveira

Abandono.

Palavra-síntese que exprime a situação do bairro das Palmeiras, principalmente no Conjunto da Marinha, localizado na região da Grande Salgueiro.

Lâmpadas queimadas,ruas esburacadas, lama, ratos e insetos fazem parte de uma paisagem caótica que perdura há anos, levando os moradores à triste sensação de nao ter a quem recorrer para mudar esta realidade.

Ou melhor, têm sim:

- Pocuramos Ministério Púbico (MP), Controladoria da União (CGU) e Defensoria Pública depois de esgotar todas as instâncias da prefeitura que nada faz pelos moradores. O abandono e a sensação de impotência são enormes - narra lamentoso Fábio Oliveira, liderança comunitária que costuma reunir 150 pessoas indignadas em suas reuniões. Quando a coisa esquenta, esse número dobra.

Estima-se que a região vizinha à Baía de Guanabara e à BR-101 tenha mais de 50 mil moradores, obrigados a andar em meio às ruas enlameadas e tomadas pelo esgoto, condenados às longas noites de indiferença do poder público que joga a culpa na Cedae pelo infortúnio daquela gente.

- A prefeitura repete sempre o lenga-lenga de que a responsabilidade pelo conserto do esgoto é da Cedae. É mesmo, mas é da prefeitura também que não se esforça para resolver o problema. É muito conveniente se esquivar - disse Oliveira.

Sem manutenção e com manilhamento entupido, as ruas que já possuíam um asfalto 'meia-boca' tendem a se deteriorar aprofundando ainda mais o problema.

- É uma humilhação termos que usar sacos plásticos nos pés quando saímos de casa. São doze ruas em péssimas condições só na (Conjunto) Marinha. Cinco já estão intrasitáveis, inclusive onde ficam uma escola municipal e uma creche, situação que impede a prestação de serviços às instituições. As coisas só pioram - continua Oliveira.

Esgoto e bueiros entupidos, claro, facilitam a proliferação de roedores e insetos e, com eles, as doenças. Duas pessoas já morreram de leptospirose, a famosa doença da urina de rato. Ao jornal O São Gonçalo, a moradora Jaqueline Pereira, narrou assim:

- Os ratos estão se proliferando no bairro inteiro e, em janeiro desse ano, esse bueiro transbordou cinco vezes. Quando isso aqui alagou no ano passado, nós ficamos abrigados no colégio e a minha irmã morreu de leptospirose logo após cair num bueiro. Infelizmente, se nós quisermos uma melhor condição de vida ou saúde, temos que pagar um serviço particular. Estamos abandonados.

Triste.

E para completar o cenário de terra arrasada, 296 postes estão sem luz, 137 só na Estrada das Palmeiras, que corta os bairros do Salgueiro, Itaúna e Fazenda dos Mineiros.

O breu é intenso e profundo.

Representantes da prefeitura reconhecem o problema. Mas, sem dinheiro, pouco ou nada podem fazer.

Indagado do porquê do abandono do seu bairro, Fábio Oliveira não soube responder. "Talvez falte representação política", arrisca.

Oliveira, 35, organiza uma nova associação de moradores para legitimar a luta por melhorias em sua comunidade.


Fábio Oliveira: "É humlhante usar saco nos pés"

Ouça entrevista:


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