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7 de setembro

Por Hélida Gmeiner

Arte: CNBB
Arte: CNBB

Comemoramos mais um ano desde a Independência do Brasil. 201 anos e me parece que ainda há muita dependência a ser extinta. Mas quero destacar nas comemorações deste ano, alguns aspectos que me fazem pensar na tarefa educativa que precisamos e brasileiras com a democracia e com sua defesa. Os desfiles estavam novamente, diferente dos últimos anos, cercados por uma certa ternura. Maior destaque às crianças e escolas; o Zé Gotinha; a subserviência institucional militar ao governo federal, reconhecendo o resultado das urnas. A gente teria o que comemorar, mas…


A semana da pátria foi palco também, infelizmente, de muitos casos que nos lembram que os habitantes desse país estão longe de ser "cidadãos compatriotas brasileiros". A semana mostrou aos brasileiros que as coisas por aqui estão muito complicadas.


Tragédias climáticas no sul do país, resultado dos abusos ambientais recorrentes; acidentes assustadores nas ruas e estradas Brasil afora; as balas das armas institucionais atingiram mais uma criança inocente, a agressividade premiada pela omissão extrema. Os detalhes desses fatos foram massivamente explorados pela grande mídia, portanto me abstenho aqui de fazê-lo.



Mas duas palavras se impõem e é sobre elas que reflito, a partir desse momento que mostrou algumas mudanças necessárias, mas denunciou rasgadamente que há muito, muito mais a fazer.


Cidadania e patriotismo. Conceitos que se entrecruzam, mas não se fundem. Que estão tão em evidência numa comemoração como a do 7 de setembro e que nesse contexto chegam quase a se contrapor, não fosse por um pequeno detalhe: ambos carregam, de alguma forma, o amor.


O patriotismo por essência representa o amor do ser pela nação: a pátria, incondicional e soberbamente. Uma expressão tóxica de um pseudo amor, que não enxerga a realidade nem se dispõe ao exercício de transformar a "pátria amada" em alguém capaz de acolher as diferenças. Não, o patriota vê a sua amada como sua e assim perfeita. Quem não está sob seus privilégios não merece a pátria. Um amor egoísta e tacanho.


A cidadania representa, por outro lado, uma relação de amor mútuo entre o ser e a nação. Por estar bem cuidado o ser cuida, por cuidar do ser a nação se fortalece, se expande . E nessa perspectiva, o mais desejável é promover mais e mais a cidadania, a cada vez mais seres da nação. Um amor cuidadoso e generoso que se abre e busca acolher.


Sim, essa dicotomia "de amor" entre o patriotismo e a cidadania é uma alegoria que uso aqui, para pensar que Brasil queremos e que História vamos escrever daqui para frente.


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Hélida Gmeiner Matta é professora da Educação Básica da rede pública. Pedagoga, Especialista em alfabetização dos alunos das classes populares, Mestre em Educação em Processos Formativos e Desigualdades Sociais e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender.



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